SALTILLO, MANCHA NO NOSSO FUTEBOL
Cidade mexicana ficou gravada na história do futebol português pelas piores razões
Como explicar Saltillo, 32 anos depois? Para um português, lembrar a campanha do México’86 custa sempre, dada a série de episódios negros que, reunidos, fazem desse capítulo um dos momentos mais delicados da história do futebol português.
Em meados de abril, o selecionador José Torres anunciava a convocatória para o Campeonato do Mundo do México. Logo aí, a lista não foi consensual, dando-se o exemplo da ausência de Manuel Fernandes, que havia feito 30 golos pelo Spor- ting nessa época. Mais tarde, Bandeirinha foi chamado à última hora para substituir Veloso, que acusara positivo num controlo antidoping, que depois se provou ter sido falso.
Já em Saltillo, no México, foi clara a impreparação e desorganização da comitiva nacional, que não teve em conta, desde logo, a altitude do local, o que não permitiu que se treinasse da melhor forma. Junto do hotel onde os portugueses estavam hospedados, o centro de treinos com relvado... inclinado. Mais: durante o período pré-competição, a formação lusa foi somando amigáveis contra equipas amadoras e até uma feita de cozinheiros. Alguns resultados eram anedóticos: mais de 20 golos de diferença.
A 25 de maio, os jogadores recusaram-se a treinar por um conjunto de razões, com especial destaque para o facto de não receberem os prémios a que tinham direito. O ‘vice’ da FPF, Amândio de Carvalho, não tinha mão no caos, o presidente, Silva Resende, estava ausente. E isto é só um apanhado do caso que, desde o início, tinha tudo para correr mal. *
A 25 DE MAIO DE 1986, OS JOGADORES DA SELEÇÃO NACIONAL RECUSARAM-SE A TREINAR E O CAOS IMPERAVA