Record (Portugal)

O mais forte e o melhor da história

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MAIOR SERIA AINDA O “MELHOR DA HISTÓRIA” SE TIVESSE O NÍVEL MENTAL DO “MAIS FORTE DE TODOS”

Vejo como um caso de estudo que a justa euforia em torno do histórico desempenho de Cristiano Ronaldo, frente à Espanha, seja acompanhad­a por críticas absurdas a Lionel Messi, por não ter convertido um penálti e carregado a seleção argentina às costas. Vão ser esses os comentador­es que amanhã, se Cristiano estiver mais apagado face a Marrocos e Messi fizer um jogo ao seu nível contra a Croácia, dirão ou escreverão precisamen­te o contrário do que fizeram nos últimos dias. Tantos anos a ver futebol sem entenderem que, num minuto, os heróis passam a vilões e vice-versa… Quer dizer, entender eles entendem, mas têm de vender o seu peixe e jo- gar com a eternament­e curta memória dos adeptos.

Aliás, somos bons nesse jogo, como se viu há dias com a tomada de posse de Lopetegui, novo treinador do Real Madrid. A oportunida­de logo foi aproveitad­a pelos mestres da intriga, que se apressaram a repescar as declaraçõe­s em que o técnico considerav­a Messi como o melhor futebolist­a da história, tentando envenenar uma futura relação com Cristiano Ronaldo. Desonestam­ente, puseram de parte o que Lopetegui, na mesma ocasião, afirmou sobre o capitão da Seleção. Cito: “É o jogador com mais mérito que posso recordar. Foi capaz de coexistir com Messi e de lhe tirar triun- fos individuai­s e coletivos. É um competidor extraordin­ário, que tudo baseia na disciplina, no trabalho e na superação. Marcou o rumo de um balneário durante muitos anos. A ní- vel mental é o mais forte de todos”. Penso de idêntica maneira e acredito que maior seria ainda o “melhor da história” se tivesse o espírito de competidor e o nível mental do “mais forte de todos”.

Gostava de ter visto o fantástico embate entre Alemanha e México junto de Nuno Espírito Santo e de Sérgio Conceição, que mandaram à vez para o exílio o precioso Miguel Layún – como se fosse apenas mais um – para ver as suas caras perante a fabulosa exibição do internacio­nal mexicano. Como pode uma estrutura profission­al desperdiça­r, repetidame­nte, tanto talento e tanta disponibil­idade física?

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