“Simeone é dez vezes mais do que imaginam”
Estamos no sítio onde tudo começou, o campo do Ribeirão. Como é que foi viver o momento de sair daqui para um grande Europeu, o Atlético Madrid?
AM – Na altura a minha vida, num espaço de três, quatro meses mudou completamente. Nunca imaginaria que pudesse acontecer, porque tinha começado a época como terceiro guarda-redes aqui no Ribeirão. Depois houve um problema aqui com a empresa que estava a investir no clube, os outros dois guarda-redes foram embora e eu comecei a jogar. Tive oportunidade, as coisas correram bem e fui à Seleção. Depois estive no Europeu de sub-19 e foi aí que realmente me valorizei, num panorama diferente. A partir daí… Tive a oportunidade de ir para o Atlético e qualquer jogador da minha idade teria feito igual.
Mas é umsalto bastante grande na carreira. Sai da terceira divisão em Portugal para a elite europeia. Como se preparou para esse momento?
AM – Quando fui a Madrid assinar, fiquei logo muito admirado. É uma dimensão completamente diferente daquela a que eu estava habituado. Logo quando assinei fiquei com a sensação e com o ‘feeling’ de que iria voltar, de que iria pelo menos estar na equipa principal. Felizmente consegui, por uma lesão do Moyà. Estive lá, mas não consegui jogar, mas faz parte do crescimento e pode ser que um dia consiga voltar para jogar.
Em 2016/17, quando se preparava para ser emprestado ao Belenenses, voltou para o Atlético. Não se pode negar a integrar o plantel do Atlético...
AM – Na altura a situação do Belenenses era com vista a eu poder, de forma sustentada, voltar a jogar, e dentro do panorama nacional poder aparecer. Mas na altura... é daquelas situações que acontecem. Sabia que podia ter mais hipóteses de jogar no Belenenses do que no Atlético, mas são oportunidades a que é difícil dizer que não. Não estou nada arrependido, porque pude experienciar e vivenciar coisas que dificilmente em Portugal poderia viver. Tanto a nível de treino como de convívio e de vivência do clube.
Como foi trabalhar com Diego Simeone?
AM – Tudo o que as pessoas imaginam... Simeone é dez vezes mais do que imaginam. Aquela paixão, a garra, a forma como ele cobra aos jogadores, porque os jogadores também sabem que podem cobrar da parte dele. Uma pessoa que está completamente ligada ao futebol, ao clube. Tem uma paixão incrível pelo que faz e isso transmite-se tanto aos jogadores e aos adeptos, neste caso a toda a família Atleti.
Trabalhar no Atlético Madrid é atingir a excelência...
AM - Sem dúvida. Há sempre dife-
“QUANDO FUI PARAMADRID FIQUEI LOGO ADMIRADO. É UMDIMENSÃO COMPLETAMENTE DIFERENTE DAQUELAAQUE ESTAVAHABITUADO”
renças. Em Portugal também há muito profissionalismo no treino, mas claro que o Atlético é um clube com uma dimensão maior e as coisas são diferentes, porque têm de ir ao encontro da grandeza do clube. É impossível, por exemplo, os jogadores precisarem de alguma coisa e não terem acesso. Cá em Portugal pode acontecer, porque os clubes não têm tantas possibilidades ou a nível estrutural não têm a mesma facilidade.
E Oblak?
AM – As pessoas têm muito boa ideia dele e ele é muito melhor ainda. Tecnicamente é quase perfeito. Aprendi muito com ele, tal como com o Moyà. São dois guarda-redes em que a carreira fala por eles. Aprendi imenso e tenho a certeza que muito do que pude colocar em prática este ano foi do que aprendi durante o ano que passei integrado no plantel do Atlético Madrid. *