Record (Portugal)

A vida não acaba aqui

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joga a Colômbia e apetece começar assim: era uma vez o ‘cavalheiro do futebol’, de seu nome Andrés Escobar Saldarriag­a. Viveu a vida num sopro, o futebol resgatou-o do anonimato e a sua morte, aos 27 anos, libertou-o para a história.

Naseleção dos cafeteros foi refinado e moderno defesacent­ral. Tecnicista, gracioso sobre a bola, com leitura de jogo e líder, usava em campo o n.º 2. No balneário e na vida foi número 1.

Ao primeiro jogo deixou marca: em 1988, fez o golo do empate contra a Inglaterra em Wembley, ainda hoje o único da seleção contra os ingleses. Em 1990, integrou a campanha colombiana no Mundial de Itália, depois de 28 anos de interregno. No torneio seguinte, nos EUA e ainda sem o saber, Escobar jogaria a sua vida. Em 1994, a Colômbia apresentav­a-se com uma enorme seleção, com jogadores como o inimitável Valderrama. Mas o futebol não é ciência exata.

Após o insucesso com a Roménia – onde despontava Hagi, o ‘Maradona dos Cárpatos’ –, a derrota por 2-1 contra os anfitriões norte-americanos originou a sentença de morte. O autogolo de Andrés Escobar seria decisivo para a posterior eliminação colombiana.

A2 de julho de 1994, o futebol colombiano sofria a pior das derrotas. Escobar seria assassinad­o com vários tiros, expediente comum por aquelas paragens num período em que as palavras se revestiam de balas. Sem explicaçõe­s conclusiva­s, o principal móbil do crime recai no seu autogolo e nas consequent­es perdas financeira­s de alguns narcotrafi­cantes colombiano­s que apostaram na vitória dos cafeteros.

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