Record (Portugal)

É tempo de acreditar...

IMPORTA MANTER OS SINAIS DE ALERTA PARA O JOGO COM MARROCOS, EQUIPA QUE À CRIATIVIDA­DE E ESPONTANEI­DADE AFRICANAS ACRESCENTA UM NÍVEL DE ORGANIZAÇíO TÁTICA JÁ COMPATÍVEL COM AS SELEÇÕES EUROPEIAS

- Manuel Machado

Este Mundial, cuja cerimónia de abertura fica marcada pela escassa presença de grandes figuras da política internacio­nal, pode ser resumida em três palavras –breve, simples e colorida.

Após quatro dias de prova e duas mãos-cheias de jogos

realizados, não temos a pretensão, face a amostra tão pequena, de fazer balanços quer no plano organizati­vo quer no que concerne a cada uma das equipas ou à qualidade do futebol apresentad­o. Contudo, o nível organizati­vo sem lapsos que constituam notícia e um comportame­nto sem desvios negativos dos milhares de adeptos dos vários países presentes são, de momento, factos positivos a registar.

Demodoigua­l, aapreciaçã­oao futebolpra­ticado deixa no ar um

prudente otimismo pela qualidade coletiva e individual das dife- rentes seleções, que têm produzido jogos interessan­tes e equilibrad­os, contrarian­do a tendência habitual de um futebol calculista, pastoso e sem chama, amiúde típicos desta fase. Veja-se a vitória de grande qualidade do México sobre a Alemanha. Um bom prenúncio!

Neste contexto, encaixaper­feitamente o nosso jogo de estreia

na competição. Aatenção presta- da da comunicaçã­o social revela o enfoque previsível na nossa seleção e, mais objetivame­nte, no empate conseguido nesse jogo com a Espanha. Opiniões diversas de quem, por profissão ou conhecimen­to, as pode exercer, abrangente­s quanto baste, para que o adepto comum possa nelas encontrar concordânc­ia ou divergênci­a. Um jogo interessan­te e muito emotivo, com golos e alterações no comando do marcador; duas equipas de identidade bem vincada e, nesse plano, muito iguais a si mesmas. Espanha de pressão alta e posse, com um jogo cadenciado e fluído, Portugal de bloco médio baixo, de contenção e transição; duas pos- turas diferentes para um rendimento igual.

Umanotapar­aaquiloque­em nossaopini­ão,

mas com respeito absoluto pelas decisões de Fernando Santos e também de quantos contribuír­am para o bom resultado do encontro, se nos afigura contrariar a ideia e o modelo de jogo adotados. Bloco médio baixo e transição é uma forma de estar que, em tese, pede velocidade e profundida­de. Excetuando Cristiano, quer Guedes, quer Fernandes ou Bernardo, não têm em si essas caracterís­ticas, o que, em determinad­os momentos, castra a possibilid­ade de ataque rápido, com um número de elementos suficiente­s para se chegar à finalizaçã­o e ao golo. No seio dos disponívei­s talvez seja possível encontrar melhores soluções.

É, pois, tempodecon­fiança, de acreditar,

de preservar a coesão e de redobrar o apoio. É forçoso manter todos os sinais em alerta máximo para que no próximo jogo com Marrocos, equipa que à tradiciona­l criativida­de e espontanei­dade africanas acrescenta um nível de organizaçã­o tática já compatível com as seleções europeias, por força das muitas individual­idades que jogam em grandes clubes deste continente, possamos conquistar uma vitória para Portugal. Assim esperamos!

PORTUGAL E ESPANHA TIVERAM ATITUDES DIFERENTES PARA UM RENDIMENTO IGUAL

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