Record (Portugal)

GUERREIRO EM DÚVIDA

LATERALESQ­UERDO NÃO TREINOU MOUTINHO COM GRIPE TAMBÉM F ORADA SESSÃO RONALDO MARCOU SEMPRE QUE REMATOU À BALIZA

- DIEGO ARMANDO MARADONA

A ARGENTINA DE HOJE NADA TEM A VER COM A DE 1986, OU MESMO A DE 1990. HAVIA MARADONA, MAS TAMBÉM UM COLETIVO DE JOGADORES QUE DEMONSTRAV­A PAIXÃO E ENTUSIASMO ‘THE GOAT’ É, PARA MIM, O ÚNICO E IMORTAL Costinha

Muito se discute o valor e a forma como joga esta Argentina e se faz comparaçõe­s entre Diego Armando Maradona e Lionel Messi. Para mim, é indiscutív­el: Diego Armando Maradona é simplesmen­te ‘The GOAT’... greatest ofall time!

E passo aexplicar alguns porquês destas comparaçõe­s. A seleção argentina, campeã do Mundo em 1986 e vice-campeã em 1990, além de ter Maradona, dispunha de um excelente técnico, Carlos ‘El Narigón’ Bilardo, e uma equipa sólida sem divas, deixan- do o papel de destaque para Maradona. A acompanhá-lo, e porque não pode jogar sozinho, destacavam-se, na baliza Nery Pumpido, na defesa Oscar Ruggeri, no meio-campo Jorge Burruchaga, e, no ataque, Jorge Valdano.

A seleção de 1986 tinha apenas sete jogadores a atuar fora do seu país, destacando-se Maradona (Nápoles), Valdano (Real Madrid), Burruchaga (Nantes), Pasculli (Lecce) e Passarela (Inter Milão). E é aqui que está o segredo da Argentina. Tinha uma equipa e... havia Maradona, que fazia a diferença em todos os jogos, ora marcando ( fez cinco nesse torneio), ora assistindo. Quem não se lembra do passe, aos 82 m, para Burruchaga, na final, que terminou em golo (de- pois de estar a vencer, por 2-0, alemães empataram 2-2) ou da jogada para Pasculli fazer o golo ao Uruguai nos oitavos-de-final, ou da jogada magistral, onde fintou mais de meia equipa inglesa para fazer um golo imortal... mais imortal do que a própria mão (não havia VAR) também nesse jogo. Depois, em1990 (foi3.ºno grupo atrás de Camarões e Roménia), com uma equipa, para mim, pior do que a de 1986, aconteceu o inverso. Apenas nove jogadores atuavam no seu país. Apesar de contar com alguns bons elementos, apenas Burruchaga, Goycochea (defendeu cinco penáltis na prova) e Caniggia (golo após slalom de Maradona contra meia equipa do Brasil) acompanha- vam o talento de Maradona. A forma como chegam à final demonstra como Maradona carregou com a seleção ao colo durante toda a prova.

O que vemos hoje desta Argentina é completame­nte diferen

te do que se viu dessas duas seleções que chegaram às finais de 1986 e 1990. Temos uma seleção com qualidade, mas onde todos querem ser estrelas, onde poucos defendem como faziam Batista, Enrique, Troglio, Olarticoch­ea, Bronw, Sensini, entre outros.

Olhamos para a Argentina e vemos uma estrela mundial, Lio

nel Messi, que não joga com a alegria, paixão, entusiasmo (por que será?) que Maradona de- monstrava. Há jogadores (Higuan, Di María, Agüero, Dyballa, Lo Celso, Otamendi) em grandes clubes europeus, mas que, quando estão juntos, não conseguem fazer um coletivo forte e, acima de tudo, não vemos uma equipa a trabalhar para o génio de Messi. como faziam as de 1986 e 1990 para o imortal Diego Armando Maradona.

AArgentina­aindase pode apu

rar ( não depende apenas dela), mas para lá chegar tem de ir buscar as raízes de 1986 e 1990, porque, se assim não for, a nação argentina não vai continuar a ver a sua seleção neste Mundial. Bom, se calhar, vão buscar El Pibe de Oro às bancadas. Mas nem ele no meio de tantas divas conseguiri­a... creio eu...

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