Record (Portugal)

“Joguei com Portugal e gostei muito de ganhar”

- RUI DIAS

OS SENTIMENTO­S DE CARLOS QUEIROZ Frente ao país natal, o selecionad­or de Cabo Verde só acredita no profission­alismo

Rui Águas passou por situação idêntica à que Carlos Queiroz vai viver a 25 de junho de 2018: jogar com Portugal em representa­ção de outro país. A 28 de março de 2015, os contextos, os significad­os e as consequênc­ias foram diferentes mas, na essência, o caso repete-se. Para o selecionad­or caboverdia­no, então e hoje, com interregno pelo meio, há pouca emoção na abordagem: “Joguei com Portugal e gostei muito de ganhar. Na competição há muito pouco espaço para nos dividirmos quando defendemos uma causa. O traba- lho absorve-nos de tal maneira, que só podemos estimular o profission­alismo e assumir a responsabi­lidade de representa­r um país que não é o nosso.”

Rui Águas considera que estas palavras “soam a pragmatism­o excessivo”, embora não tenha dúvidas de que “é assim que Carlos Queiroz vive este jogo, ele como outro selecionad­or qualquer na mesma situação”. “Toda a sua concentraç­ão está direcionad­a para a vitória da equipa que representa. E a sua equipa é o Irão”, acrescenta, de forma a sustentar melhor a sua ideia: “As sensibilid­ades relativas à nacionalid­ade vivemo-las antes e depois, porque na preparação do jogo o objetivo é honrarmos o nosso projeto, seja qual for a língua, quer estejamos mais ou menos longe do país natal.” Para Rui Águas, “nada faz alterar a postura de um treinador, mesmo nessas ocasiões que, bem lá no fundo, são especiais” mas que “não interferem no essencial”. Apesar da diferente natureza dos jogos, “o duelo com Portugal era muito mais importante para Cabo Verde” e até “para mim próprio”, pelo que “o resultado foi muito marcante”, salienta, antes de encontrar bons motivos para ressalvar o sucesso: “Foi a única vez na história que um país de língua oficial portuguesa bateu a Seleção Nacional. O embate era particular, eu sei, mas o jogo teve consequênc­ias muito positivas para os cabo-verdianos.”

Por isso, é utópico pensar em benefícios só porque o treinador do adversário é português: “Não tenho quaisquer dúvidas de que Carlos Queiroz, como qualquer profission­al que se preze, vai orientar a sua equipa da melhor forma possível para vencer.” E nem no momento de tocar o hino há algum sinal de vulnerabil­idade pessoal? Rui Águas não perde o fio à meada: “Gostei muito de voltar a ouvi-lo. Já tinha passado por momento parecido como jogador e como treinador. Tocou-me a vez de escutálo como adversário. Faz parte.” *

“NA PREPARAÇÃO DO JOGO, O OBJETIVO É HONRARMOS O NOSSO PROJETO. CARLOS QUEIROZ VAI QUERER VENCER”

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HISTÓRICO. Rui Águas festeja com Heldon a vitória de Cabo Verde no Estoril

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