Não tem como não ver
Salvador Martinha
Sabem que nunca vos minto. Hoje não vou ver o Mundial. Estou na sala de produção do Rock in Rio a escrever no telemóvel enquanto o carrego num ‘power bank’ emprestado por uma produtora brasileira que me disse agora mesmo que o Neymar está ‘aquecendo’. Só se for o cabelo, pensei para mim.
Ah, caraças, já menti. Olhei agora sem querer para um ecrã gigante – até quem organiza festivais sabe que se a Anita atuar
HÁ MUNDIAL POR TODO O LADO. O FUTEBOL É O EMPLASTRO DE TODOS OS EVENTOS
durante o Polónia-Colômbia ‘já era’. Há Mundial por todo o lado . Quando a copa substitui a conversa sobre o tempo, o futebol surge como emplastro de todos os eventos. Se vai casar agora, comece a ver preços de ecrãs para alugar. É mais forte do que nós. Em caso de acidente, se não houver ecrã, ninguém vai parar para ver. Mais uma e voume embora: se morrer faça-o perto de um café com televisão. Vão por mim, que já não tenho tias e arrependo-me muito daquilo que fiz no Euro’2004.
Mas, porra, era o Portugal-Inglaterra.