Maradona das Arábias
joga a Arábia Saudita. “Recebe a bola no seu meiocampo, ultrapassa uma mãocheia de adversários, corre com o destino nos pés, entra na área, acaricia a bola e...” A anatomia de um golo que lutou contra as probabilidades e durante 11 segundos foi prenúncio de paixão pela bola.
O protagonista era Saeed Al Owairan, Maradona das Arábias com o 10 nas costas, o saudita que acabara de criar em 1994 um dos mais espetaculares golos dos Mundiais. O Mundial dos EUA foi de sonho para Al Owairan e para os Falcões Verdes que, na primeira participação, chegavam aos oitavos-de-final.
Na fase de grupos causaram particular surpresa , ao derrotarem a Bélgica por 1-0, a seleção que emprestara atores secundários para o filme do golo com sabor arábico de Al Owairan. Na baliza belga, o reconhecido Michel Preud’homme mostrou-se impotente para contrariar o papel de herói desempenhado pelo jogador saudita.
O torneio americano deu ao hábil avançado Al Owairan, já com créditos firmados na Ásia, ainda maior reconhecimento e garantiu-lhe a eleição de melhor futebolista asiático de 1994. O golo de uma vida tornou apetecível a utilização da imagem do Maradona das Arábias e, num ápice, Al Owairan publicitava grandes marcas globais, tornando-se também craque no campo televisivo.
Como muitas vezes acontece, o sucesso de Al Owairan também lhe trouxe dissabores. Inicialmente louvado pelo rei Fahd, ser-lhe-ia negada a possibilidade de deixar o país para abraçar uma carreira na Europa.
Haveria pior. Um encontro adúltero seria severamente punido pelas autoridades sauditas com um período de suspensão do futebol e mesmo pena de prisão. Sem saber como, Al Owairan fez um autogolo.
Agora, no papel de comentador e na antecipação do Mundial russo, Al Owairan desta-