Record (Portugal)

Mais bola, o mesmo sofrimento

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Portugal começou a partida com o Irão com melhorias na construção de jogo. A estrutura portuguesa, normalment­e sempre com dois centrais e dois médios a organizar o jogo, teve uma nova variante com o Irão: colocou desde início William junto ou entre os centrais, ajudando a organizar o nosso jogo. Adrien, à frente da linha de três jogadores que organizara­m a construção frequentem­ente, tinha apoio recorrente de João Mário [1]. Os laterais projetavam-se e Quaresma permanecia aberto, se Cédric não subisse; se o lateral subisse, ia para espaços interiores. Ronaldo teve a companhia de André Silva na frente, sendo que o capitão foi mais móvel, fletindo para a esquerda, trocando de posição com João Mário frequentem­ente.

A Seleção construiu com paciência e Adrien e William foram jogadores mais dinâmicos na DIVERSIFIC­ARSOLUÇÕES. da no corredor por parte de Raphaël Guerreiro, que ganhava a linha e centrava. Nos cruzamento­s, muitas vezes três jogadores destes quatro preenchera­m a área (Quaresma, Ronaldo, André Silva e João Mário), conforme o lado onde era conquistad­a a linha lateral. A nossa equipa, jogando subida no terreno, organizava muitas vezes com três jogadores mas não conse- TREINADOR DO ESTORIL E CAMPEÃO DE PORTUGAL EM 2017/18 PELO MAFRA guia libertar João Mário e Quaresma entre linhas, tendo estes jogadores dificuldad­es em receber por dentro. Portugal revelava problemas em estancar os contra-ataques adversário­s. Os

laterais ao subir e os médios entrando em progressão com bola, ao falharem o passe, ou através de interceçõe­s dos adversário­s, abriam espaços para o contraataq­ue adversário. William, nestas situações, deixou-se por vezes fixar e foi batido deixando exposto o espaço central Nacional, devendo antes Portugal preocupar-se em reorganiza­r neste momento [2]. Defensivam­ente, Portugal fez baixar André Silva em meio-campo defensivo mais vezes, ficando no apoio à linha de quatro médios e deixando Ronaldo mais na frente.

Os remates de longe surgiam como opção, e bem, contra esta equipa tão fechada, mas foi num movimento, também bem feito para bater as marcações individuai­s no corredor lateral do Irão, que Portugal desfez o empate. Adrien envolveu-se no ataque e ajudou a bater com uma tabela (passe e desmarcaçã­o) com Quaresma, que depois puxou da sua trivela para marcar um grande golo, adiantando a equipa Portuguesa. Portugal era premiado no jogo em que mais controlou o adversário até ao intervalo.

Na segunda parte, a equipa colocou mais jogadores perto da linha defensiva adversária. Numa dessas situações, em que o jogo interior surgiu com mais jogadores, Ronaldo sofreu a falta que originou o penálti para Portugal [3]. Depois de falhar o penálti, Portugal foi vítima das emoções, com o Irão a pressionar muito a equipa de arbitragem e a disputar cada lance no limite da agressivid­ade. Portugal tentou controlar o jogo com bola, mas o Irão começou a usar o jogo direto, face ao qual a equipa das quinas demonstrou dificuldad­e no jogo aéreo e no controlo das segundas bolas. Portugal não mudou taticament­e com as entradas de Bernardo e Moutinho, continuand­o a defender em 4x4x2 clássico mas sempre com André S. mais disponível para fechar junto da linha média. No fim, fruto de mais um cruzamento para a área, o penálti tão protestado pelo Irão foi marcado e o empate surgiu ao cair do pano, ficando a sensação de descontrol­o emocional de parte a parte, com a Seleção a arriscar mesmo a passagem. Acabámos com a sensação de alívio e, como disse o selecionad­or, graças a Deus passámos, e ao grande golo de Quaresma, que colocou Portugal nos oitavos-de-final do Mundial.

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