Já ganhei
AOS DOMINGOS À TARDE, QUANDO O VITÓRIA JOGAVA EM CASA, IA COM O MEU PAI AO BONFIM
tipo do Nepal” , em vez de lhe dar com uma marreta na cabeça, sinto-me tentado a responder que é uma coincidência extraordinária e que certamente conheço o sujeito em questão.
Nasci em Teerão em 1974 e vim para Portugal com os meus pais há quase 40 anos. Passei a minha infância em Setúbal, junto ao rio Sado, com os verões intermináveis passados na praia, os passeios e aventuras pela Serra da Arrábida, e onde a maior parte do tempo livre era passado na rua, com os amigos, a jogar à bola. Aos domingos à tarde, quando o Vitória jogava em casa, ia com o meu Pai ver a minha equipa ao Estádio do Bonfim. Ele era um ferrenho adepto do FC Porto e faleceu pouco antes de a sua equipa ganhar a Liga dos Campeões.
A minha Mãe vive agora em Washington D.C. e aconteceu estar aqui quando Portugal se sagrou campeão europeu. Esta santa criatura, de quase 80 anos de idade, vibrou e gritou como eu nunca tinha visto, e foi aplaudir os jogadores quando o autocarro da Seleção passou perto de nossa casa. Mas ela, ao contrário de mim, é nostálgica e vai querer que o seu país ganhe a partida. Eu vou torcer por ela. E torcer que Fernando Santos sonhe com o dia em que traz a taça para Portugal.
* Texto escrito antes do jogo Irão-Portugal.