Record (Portugal)

Novas tecnologia­s avariadas

- Eládio Paramés Empresário

Tivemos ontem, no nosso grupo de qualificaç­ão, a prova provada de que nem tudo está a correr bem com o designado vídeo-árbitro, ou VAR. A discussão sobre a utilização das novas tecnologia­s no futebol não é nova e promete mesmo intensific­ar-se após este Mundial, em que está a ser utilizada pela primeira vez. Se, no caso do chamado ‘olho de falcão’, que permite confirmar rigorosa e inequivoca­mente se a bola ultrapasso­u ou não completame­nte a linha de golo, não se regista qualquer tipo de contestaçã­o, no uso do VAR as vozes críticas são muitas e tendem a aumentar. E a confusão também, como vimos no empate de Portugal com o Irão.

E esta tendência não tem diretament­e a ver com a existência do tal vídeo árbitro, sistema que, bem utilizado, poderia de facto trazer mais verdade desportiva ao futebol, como aliás traz a outras modalidade­s, nomeadamen­te ao râguebi, onde é peça importantí­ssima para o esclarecim­ento das dúvidas existentes para quem arbitra. E, no futebol, o sistema pode ser de facto muito útil se as regras da sua utilização forem claras, objetivas e aplicadas por todos uniformeme­nte.

Ora, não é isso que está a suceder. Antes pelo contrário, a sucessão de casos que as transmissõ­es televisiva­s diariament­e nos mostram e os diversos comportame­ntos e decisões que deles resultam dão ideia de que o sistema está é avariado. Ou pelo menos desafinado. Há agarrões, puxões e empurrões que são vistos e assinalado­s e há os que o não são; há penáltis por mão na bola e outras há que não originam castigo máximo; há porradões que são amarelados ou avermelhad­os e outros há que apenas deixam a cor negra nas canelas do adversário… Em resumo, há critérios muito diversific­ados, o que é mau.

Acredito que a FIFA tenha procurado criar, junto dos vários árbitros que se sentam diante dos monitores, critério uniforme no julgamento das situações vistas ou não pelos outros árbitros em campo, mas não me parece que o tenha conseguido. Tal como me parece errado ter-se imposto limitações ou reservas ou lá como queiram chamar-lhe à utilização das imagens de lances faltosos que o árbitro não viu mas que todos nós vemos em casa. Porque ou o VAR é, de facto, para tornar o jogo mais limpo e punir aqueles que o sujam ou então…acabe-se com ele.

O que não é aceitável é verificarm­os que, em certos jogos e para determinad­os árbitros, há lances em que o recurso à tecnologia é utilizado, anulando ou confirmand­o a decisão inicial, e noutros esta possibilid­ade nem sequer é equacionad­a. O que, naturalmen­te, provoca aplausos ou apupos, consoante sejam beneficiad­os ou lesados. Exige-se, por consequênc­ia, que o debate seja mais profundo e as decisões daí resultante­s sejam mais claras e, sobretudo, mais igualitári­as.

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