Record (Portugal)

Tremeu CR7 e depois... a equipa

Seguir em frente era o essencial, mas deixar escapar a vitória (no jogo e no grupo), falhar um penálti e acabar em sofrimento... era escusado

- CRÓNICA DE LUÍS AVELÃS

Portugal está nos ‘oitavos’ do Mundial. Em relação ao mais importante – como destacara Fernando Santos na véspera – nada a dizer, o objetivo foi cumprido. Mas não ser capaz de bater o Irão deitando por terra a hipótese de ser primeiro no grupo perante o inesperado empate de Marrocos com a Espanha (o que nos leva a emparelhar com o Uruguai em vez da mais acessível Rússia); falhar um penálti que daria o 2-0 e muito provavelme­nte ‘fecharia’ a partida e acabar em sofrimento perante a galvanizaç­ão iraniana nos últimos minutos... era escusado. A Seleção sabia que só a derrota a afastaria da prova mas, mesmo assim, entrou (bem) com disposição para ter bola, comandar as operações e, dessa forma, deixar o Irão longe da baliza de Rui Patrício. E os primeiros minutos foram agradáveis. Portugal circulava a bola com alguma qualidade e paciência (Adrien e Quaresma foram apostas válidas), os opositores estavam nervosos (com destaque para o guarda-redes) e o golo parecia uma questão de tempo. Só que não apareceu tão cedo quanto isso... e o domínio lusitano começou a ser mais ténue. Paradoxalm­ente, o golo português surgiu já em cima do intervalo, numa fase em que o conjunto nacional continuava a ser a melhor equipa no terreno, mas já sem encostar o Irão à sua grande área. Pensava-se que o génio de Quaresma tinha resolvido o assunto. Desta vez, acreditava­se, não haveria sofrimento. Puro engano, pois tal como nos dois embates anteriores a vantagem não foi o tónico necessário para Portugal agarrar no jogo e deixar os adversário­s sem hipóteses de reação.

O erro de Ronaldo

Apesar de estar obrigado a vencer, o Irão não apareceu diferente no reatamento. Defender com ‘unhas e dentes’ e esperar a sorte de bola parada ou através de um qualquer contra-ataque era a receita. E por mais estranha que se considere a estratégia para quem tinha de somar 3 pontos, convém dizer que Queiroz sabe bem que abrir muito cedo um jogo com Portugal... não seria uma grande ideia. Por isso, assim manteve o seu bloco, apostando na constante agressivid­ade (aqui e ali para além do permitido pelas regras) para desorienta­r os portuguese­s. Aos 53 minutos, quando Cristiano Ronaldo avançou para cobrar um penálti a castigar falta sobre ele

mesmo, ninguém acreditava que Portugal ainda iria vacilar neste jogo. Mas foi isso que sucedeu. O capitão tremeu quando atirou a bola de modo a proporcion­ar a defesa de Beiranvand e – bem pior que isso – a partir daí quase toda a equipa tremeu. A inseguranç­a tornou-se evidente em todos os capítulos: a posse de bola perdeu critério; a incapacida­de para fazer a diferença nas ações de ‘1x1’ era por demais evidente e vários elementos deixaram-se levar pelas ‘picardias’ alheias. Quaresma foi mesmo substituíd­o para evitar um segundo amarelo. Felizmente – e apesar de Ghoddos ter assustado aos 72’ – o ‘score’ continuava a ser simpático para as cores nacionais. O de Saransk, mas também o de Kaliningra­do. O primeiro lugar do grupo estava nas mãos. Só que, praticamen­te em simultâneo, a Espanha fez o 2-2 com Marrocos e o Irão beneficiou de um penálti (‘made in VAR’) polémico. Rui Patrício adivinhou o lado, mas não chegou à bola. Estávamos no tempo suplementa­r e Portugal já não tinha margem. Os persas estavam a um golo do apuramento e Taremi não esteve longe de eliminar Portugal. Acertou na malha lateral. Não ganhámos para o susto. Nem ganhámos o jogo, nem o grupo... *

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