Record (Portugal)

MAIS DE MEIO SÉCULO SEM VENCER O URUGUAI

- RUI DIAS

ÚLTIMA VITÓRIA DE PORTUGAL ACONTECEU EM 1966 Hat trick de José Torres decidiu partida com os uruguaios, em vésperas do Mundial em Inglaterra

O Uruguai é o adversário que Portugal não vence há mais tempo. São 52 anos sem conseguir ganhar ao bicampeão do Mundo (1930 e 1950), mais precisamen­te desde a preparação para o Mundial imortaliza­do pelos Magriços, em 1966. Antes da chegada a Inglaterra, a Seleção Nacional efetuou cinco jogos particular­es, marcados por outras tantas vitórias e que lançaram com esperança a grande competição que teria lugar em Inglaterra. Foi nessa sequência – Noruega (4-0 a 12/6/1966), Escócia (1-0, 18/6/1966), Dinamarca (3-1, 21/6/1966), Uruguai (3-0 a 26/6/1966) e Roménia (1-0 a 3/7/1966) – que Portugal obteve a última vitória sobre o Uruguai, num jogo que teve uma história interessan­te para contar. Depois de deslocaçõe­s a Glasgow e Esbjerg, onde venceu e conven- ceu adversário­s que não estariam no Mundial, Portugal regressava ao Jamor para defrontar um finalista do Mundial. Frente ao Uruguai, José Torres entrou na lenda, ao apontar os três golos nacionais, dando seguimento a um ciclo de dois jogos a marcar – foi dele o tento que deu a vitória na Escócia e assinou um bis no 3-1 na Dinamarca. Em vésperas da grande competição, o Bom Gi- gante não fez por menos e apontou sete golos – marcaria também à Roménia, nas Antas – em vésperas da viagem para Manchester, onde a Seleção ficou instalada para os jogos do Mundial.

Hat trick de Torres

José Torres chegou a Inglaterra no máximo da forma, credibiliz­ado pelo que fizera pelo Benfica mas, principalm­ente, por essa sequência que o tornava ainda mais temível para os adversário­s. Nessa tarde de 26 de junho de 1966, marcou aos 7 minutos, aos 57 e aos 64 e, segundo as crónicas da época, a equipa ressentiu-se da sua saída, para a entrada de Ernesto Figueiredo, o célebre Altafini de Cernache, no minuto seguinte a selar o hat trick. No lance do terceiro golo, Torres foi atingido na cabeça por Emílio Alvarez e Otto Glória achou por bem evitar males maiores.

Mini Copa

Desde essa vitória, em 1966, que Portugal não vence o adversário dos oitavos-de-final em 2018. Desde então, a equipa celeste surgiu uma vez apenas no caminho da Seleção: aconteceu na Mini Copa de 1972, num torneio feliz para a equipa nacional, que perderia apenas na final, com o Brasil, no Maracanã (0-1, golo de Jairzinho, nos instantes derradeiro­s do duelo). Na Mini Copa, a equipa comandada por José Augusto bateu Equador (3-0), Irão (3-0), Chile (4-1), República da Irlanda (2-1) e Argentina (3-1), até se cruzar com os uruguaios. A dinâmica ganhadora portuguesa esbateu na dureza adversária e nalgum retraiment­o dos nossos jogadores, até porque o empate servia os interesses portuguese­s. O golo de Jaime Graça, à beira do intervalo, conduziu a Seleção às meias-finais, onde acabaria por eliminar a União Soviética. *

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Torres centrou atenções

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