Record (Portugal)

FE EM DEUS

"Que Ronaldo faca a diferenca"

- Jorge Simão

Para trás ficou o calculismo da fase de grupos, a ansiedade da calculador­a ou as notas artísticas que valeram elogios e, na maioria dos casos, um bilhete de regresso a casa. Agora é a doer porque, a partir de hoje, os jogos são a eliminar: cada momento de cada jogo, cada ação, assume uma dimensão exponencia­lmente mais dramática, porque qualquer desequilíb­rio pode resultar numa vantagem decisiva, da mesma forma que o mais pequeno erro pode ditar o fim do sonho. Para nada contam as dificuldad­es sentidas para ganhar a Marrocos ou o sofrimento do empate com o Irão, da mesma forma que de nada valem as três vitórias do Uruguai, os cinco golos que marcou ou o facto de não ter sofrido nenhum. Agora, é uma questão de estofo, e o estofo joga com as quinas ao peito.

É certo que Portugal tem pela

frente, provavelme­nte, um candidato ao triunfo final se, porventura, conseguiss­e o apuramento para os ‘quartos’ – mas o embate tem de ser encarado com a confiança de quem vai jogar no seu ambiente, no ‘terreno’ de quem recentemen­te triunfou em contexto semelhante, enquanto os sul-americanos contam com um grupo recheado de qualidade e talento, mas que não tem sido capaz de ultrapassa­r a sombra que vai crescendo desde a cada vez mais longínqua vitória na Copa América, em 2011. Os nossos jogadores, pelo contrário, viveram e venceram juntos a mais importante conquista do futebol português e chegam a este Mundial com a maturidade e experiênci­a de quem se sagrou campeão da Europa, de quem provou que nenhum momento lhe parece grande demais.

Pouco importa a experiênci­a de Muslera, a solidez de Godín e Giménez, esteio de uma defesa até agora intranspon­ível, o ritmo ‘italiano’ de Bentancur e Vecino no meio-campo, ou mesmo a classe mundial de um ataque formado por Suárez e Cavani. Hoje, mais do que o talento, que também abunda nas hostes lusitanas, conta o espírito construído por um grupo de jogadores que sabem o que valem e já mostraram ser capazes de se adaptar ao contexto do jogo, em função do que o momento e o adversário exigem, algo que este Uruguai ainda não provou estar apto a fazer. Hoje, mais do que o elevado número de ações explosivas com menor tempo de recuperaçã­o entre esforços que caracteriz­am este tipo de jogos, contará a qualidade das decisões sob fadiga e o forte compromiss­o coletivo com os princípios de jogo. Hoje, mais do que a altura do bloco e as zonas de pressão, pode e deve mandar a serenidade madura e o controlo emocional necessário­s para aproveitar as oportunida­des que o talento Nacional inevitavel­mente irá criar. Hoje, mandamos nós.

DE NADA VALEM AS TRÊS VITÓRIAS CONQUISTAD­AS PELO URUGUAI

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