Record (Portugal)

A terceira vida de Ronaldo?

SE NÃO É DINHEIRO, O QUE PODE SER? FALTA DE CARINHO? DE RECONHECIM­ENTO? DE GRATIDÃO? UM POUCO DE TUDO, COM CERTEZA

- Nuno Santos

REAL NÃO PROTEGEU UM DOS JOGADORES MAIS EXTRAORDIN­ÁRIOS DA SUA HISTÓRIA

Jorge Mendes foi chamado de urgência , mas o cada vez mais provável divórcio entre o Real Madrid e Cristiano Ronaldo deverá ter razões que nunca chegarão a conhecer a luz do dia. “Não tem a ver com dinheiro”, foi fazendo saber CR7 ao longo dos últimos meses, mesmo conhecendo-se o seu compreensí­vel descontent­amento por receber muito menos do que Messi ou Neymar. Nestas coisas, se não é dinheiro, o que pode ser? Falta de carinho? De reconhecim­ento? De gratidão? Um pouco de tudo, com certeza. Em síntese, falta de respeito.

É realmente um ato de má gestão o facto de o Real Madrid não ter sabido proteger e acarinhar devidament­e um dos mais extraordin­ários jogadores da sua história – senão mesmo o mais extraordin­ário, com a devida licença de D. Alfredo Di Stéfano. Ora, aqui chegados, a saída de Ronaldo, mesmo com a manobra em curso, parece já difícil de travar, faltando apenas saber de que forma pretenderá Florentino Pérez consumar esse momento. Se no dia da apresentaç­ão, a 7 de julho de 2009, estiveram mais de 80 mil adeptos no Santiago Bernabéu para dar as boas-vindas ao jogador madeirense, o que devemos esperar da saída? Será em gran- de – como se o divórcio fosse amigável – ou pela porta pequena, como sucedeu aos mitos Casillas e Raúl? Há mais perguntas que se impõem.

Por exemplo: o que poderá o líder do clube blanco oferecer aos adeptos para compensar a saída do melhor do Mun- do? Não apresentar uma alternativ­a será trágico, mas quem quer que chegue terá uma herança pesadíssim­a. E o que pensará sobre tudo isto o novo técnico do Real, Julen Lopetegui, depois de há duas semanas ter dito o que disse sobre o craque português?

O que Ronaldo fez durante nove temporadas em Madrid só irá ser entendido daqui por muitos anos. Antes disso, há um caminho a fazer, previsivel­mente em Turim e no futebol italiano, onde craques como Franco Baresi, Paolo Maldini ou Roberto Baggio foram capazes de manter o estatuto e, atenção!, altos níveis de rendimento mesmo quando a ternura dos 40 já andava por perto. Para não falar, claro, do caso mais recente de Gianluigi Buffon.

A Juventus, por enquanto, mantém-se num estratégic­o silêncio sobre o tema que marca a atualidade. As próximas horas parecem ser decisivas, mas o ‘efeito CR7’ já se faz sentir: as ações do gigante de Turim fecharam a sessão de ontem com uma valorizaçã­o de 7,27%. Para se fazer uma pequena ideia do que isto representa, uma subida assim não se registava desde dezembro! As transmissõ­es do calcio prometem bater recordes de audiências assim que a bola começar a saltar.

A Juventus pode mesmo ser uma solução muito interes- sante para Ronaldo cumprir a sua terceira vida.

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