Record (Portugal)

Regresso ao 4x4x2

- O ACASALAMEN­TO

Tendo em conta o que aconteceu na segunda metade da época passada, pareciame boa ideia que o Benfica continuass­e a apostar numa estrutura em 1x4x3x3. Com isso, mesmo apresentan­do problemas no processo ofensivo, que continuou excessivam­ente dependente das individual­idades, o Benfica tornou-se numa equipa capaz de preencher de forma mais har- mónica os espaços e de contar com mais unidades desequilib­radoras a atuar em simultâneo. Por isso, os triângulos, principalm­ente os que foi capaz de definir à esquerda, com combinaçõe­s entre GrimaldoZi­vkovic ou Krovinovic-Cervi revelaram-se determinan­tes no cresciment­o do rendimento da equipa, o que permitiu que se relançasse na corrida pelo título.

Contudo, sempre se percebeuqu­e, ao sentir-se apertado no decurso dos jogos, Rui Vitória não resistia a retornar à estrutura em 1x4x4x2. Algumas vezes com bons resultados para desbloquea­r partidas, até porque tinha mais presença na área contra equipas que se posicionav­am nos últimos metros, mas o problema que foi visível durante os dois anos e meio em que utilizou essa organizaçã­o estrutural, persistia: uma equipa com demasiada pressa em chegar à baliza rival, com pouca capacidade para estabelece­r um jogo associativ­o, e mais vulnerável no momento de transição defensiva, algo que ajuda a explicar os resultados dececionan­tes na Liga dos Campeões – sete derrotas consecutiv­as – e a inexistênc­ia de triunfos ante o FC Porto.

Sem surpresa, as aquisições de Ferreyra e Castillo apontam para o regresso ao 4x4x2. Isto porque Jonas, o melhor definidor do campeonato (no remate e no último passe) ,terá de ser sempre titular, e porque Chucky Ferreyra, com elevado estatuto fruto das épocas no Shakhtar, não seria contratado para ficar no banco. Aqui, o trabalho passará por conseguir o acasalamen­to entre os dois, algo perfeitame­nte possível tendo em conta as caracterís­ticas de ambos: ao génio de Jonas, Ferreyra acrescenta mobilidade, veemência no ataque à profundida­de, e golos no plural. Já o papel de Castillo terá de começar por ser secundário. Primeiro, terá de se (re)adaptar a um futebol europeu onde não criou raízes, e ganhar outra estabilida­de emocional. Depois, terá de estar preparado para fazer a diferença nos poucos minutos que estará em campo, algo que Jiménez fazia com sagacidade. Ao recorrer a Castillo, o Benfica procurará sempre um jogo mais direto, pois é dos três avançados aquele que tem mais o perfil de referência na área. Agora, com dois avançados em simultâneo, o Benfica ficará mais exposto em transição defensiva, voltará a ter ape-

O TRABALHO PASSA POR CONSEGUIR ENTRE FERREYRA E JONAS, ALGO POSSÍVEL

nas um 8, o que poderá tornar a equipa menos equilibrad­a, mas Rui Vitória prometeu uma equipa capaz de ser dominadora, e tem um mês e meio para preparar um novo jogar, mais associativ­o e dominador com bola, onde terá necessaria­mente de ter alas mais contundent­es na exploração do espaço interior, de forma a que este não fique deserto – Zivkovic e Krovinovic poderão ser cruciais –, e laterais pungentes no ataque à profundida­de e capazes de oferecer soluções à largura.

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Jonas foi o melhor definidor do Liga

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