Record (Portugal)

Rui Patrício não merecia tanto desprezo

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OS ‘SÍMBOLOS’ NUNCA SE DESTROEM, MESMO QUANDO PARECEM DESTRUÍDOS

nais, do foro técnico-desportivo.

O que aconteceun­aAcademia, emAlcochet­e, é algo que nunca deveria ter acontecido – e a razão pela qual coisa idêntica nunca aconteceu em qualquer Academia do Mundo demonstra a singularid­ade e a gravidade da situação.

Neste plano, Rui Patrício foi colocado debaixo de uma pressão não apenas inusitada mas também insustentá­vel. Qualquer dirigente com dois palmos de testa entenderá que um jogador não tem apenas direitos como não tem apenas deveres. Direitos e deveres devem andar de mão dada. E isto é válido para todos aqueles que constituem as estruturas dos clubes de futebol.

Fazer dos jogadores uma espécie de escravos-de-luxo, ligados roboticame­nte aos seus ‘grandes ordenados’, sem qualquer respei- to por aquilo que são as suas convicções e sentimento­s, tentando dominá-los como se fossem cães de trela passeados pelo dono, foi aquilo que Bruno de Carvalho quis fazer deles, no auge de uma visão tão obcecada quanto funcionalm­ente ofensiva dos valores mais basilares de conviviali­dade e tolerância.

Rui Patrício foi ofendido e humilhado. A‘chuva de tochas’ com que foi mimoseado e irónica e hipocritam­ente ‘celebrado’, numa das balizas da qual foi principal guardião durante anos a fio, foi apenas uma ínfima parte de uma estória de ‘humor negro’.

O Sportingnu­ncapodiate­r perdido RuiPatríci­o nas condições em que o perdeu e o único culpado foi o ex-presidente dos ‘leões’, que não soube lidar nem com a fama, nem com o sucesso que chegou a ter, nem com o monstro que deixou desenvolve­r dentro de si próprio.

Rui Patrício tinha todo o direito de umdia poder assinar por outro clube e sair do Sporting, mas nunca nas condições em que aconteceu. É evidente que o Wolverhamp­ton é de menos para um dos melhores guarda-redes europeus; é evidente que Jorge Mendes chamou para si a gestão do negócio e da carreira de Patrício – e também parece óbvio que o ‘Wolves’ só pode ser um clube de passagem…

Como parece óbvio que, quando assinou pelo Wolverhamp­ton, Rui Patrício não acreditou que Bruno de Carvalho iria ser destituído ou saísse da presidênci­a. Têlo por perto era um pesadelo – e não apenas para o ex-capitão do Sporting. Os ‘símbolos’ nunca se destroem, mesmo quando parecem destruídos.

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