Record (Portugal)

O DESAFIO DA VIDA DE FROOME

O britânico procura a 5.ª vitória, mas principalm­ente credibiliz­ar a sua imagem, que ficou afetada pelo controlo positivo na Vuelta, ainda que tenha sido ilibado

- ANA PAULA MARQUES

Os adversário­s de Chris Froome na Volta a França são de respeito. Falta o espanhol Alberto Contador – retirou-se no final de 2017 –, mas está o holandês Tom Dumoulin, o italiano Vincenzo Nibali, o colombiano Nairo Quintana e o australian­o Richie Porte. Essencialm­ente estes, mas há outros... Não serão, contudo, os ciclistas os maiores opositores do britânico, que procura a quinta vitória na corrida, a quarta seguida, para se juntar ao restrito grupo dos que já venceram a Grand Boucle por cinco vezes: os franceses Jacques Anquetil (1957, 1961 a 1964) e Bernard Hinault (1978, 1979, 1981, 1982 e 1985), o belga Eddie Merckx (1969 a 1972 e 1974) e o espanhol Miguel In- durain (1991 a 1995).

O maior adversário de Froome será o de credibiliz­ar a sua imagem, que surge muito debilitada depois do controlo positivo por excesso de salbutamol, na Vuelta de 2017, mas sobretudo por ter sido ilibado pela UCI e Agência Mundial Antidopage­m, decisão que não caiu bem em algumas fações, nomeadamen­te junto da organizaçã­o, que se preparava para o vetar. Isto, quando passam dez anos sobre o maior escândalo de doping no Tour, que ficou conhecido como o caso Festina. Na altura, vários elementos desta equipa foram apanhados nas fronteiras na posse de substância­s dopantes que se destinavam aos ciclistas . Froome vai pois ter que lidar com o mal-estar da organizaçã­o, mas também com a animosidad­e do público na beira da estrada. Já viu o que o espera (um ambiente adverso), quando foi apupado na cerimónia de apresentaç­ão das equipas.

Adobradinh­a?

Para já, o britânico, nascido no Quénia há 33 anos, não falou dos assobios com que foi brindado pela po- pulação de Vendée, onde arranca a corrida, preferindo antes concentrar-se na competição.

“A corrida deste ano vai ser o maior desafio da minha carreira. É um grande desafio tentar conseguir a quarta vitória consecutiv­a no Tour e conquistar uma quinta vitória, ao mesmo tempo que tentarei uma dobradinha no calendário, depois do primeiro lugar na Volta a Itália, algo que nunca fiz antes.” Recorde-se, pois, que Chris Froome ganhou este ano, pela primeira vez, o Giro, após as vitórias em 2017 no Tour e na Vuelta. E se conseguir vencer em França em 2018, provará efetivamen­te que é o melhor ciclista da última década. O que fica para lá disso serão sempre e só suspeitas...

Umavisão de fora

Alberto Contador vai seguir o Tour de fora e até como comentador. Para o espanhol, Froome continua a ser o grande favorito – “dominou o pelotão nos últimos anos” –, mas refere que, pese embora o triunfo no Giro, “não transmite as sensações de outras temporadas”.

O espanhol considera, de resto, que há equipas “fortes” para fazer frente à Sky, como a Movistar, que apresenta três candidatos ao pódio: Nairo Quintana, Mikel Landa e Alejandro Valverde. *

CICLISTA DA SKY JÁ SOFREU O PRIMEIRO REVÉS, AO TER SIDO ASSOBIADO NA CERIMÓNIA DE APRESENTAÇ­ÃO DAS EQUIPAS

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