A dois meses de completar 81 anos, José Vicente Moura faz a defesa da sua imagem de marca, fala da sua infância desportiva, dos valores do ecletismo e, naturalmente, da sua passagem pelo Sporting, onde diz ter as portas abertas
dia deixar de ser era o futebol. A minha iniciação desportiva foi no Sport Algés e Dafundo, onde pratiquei natação como federado. O Sporting não tinha natação naquela era e acabaria por ser o futebol a cativar a minha atenção, como seria lógico, naquela altura. Lembra-se naturalmente do tempo dos Cinco Violinos. Quem mais apreciava?
VM - O Fernando Peyroteo, pela sua classe, clarividência em frente à baliza e visão de jogo, mas muito especialmente o Jesus Correia, que além de ser um excelente jogador de futebol também era um brilhante praticante de hóquei em patins. Mais tarde conheci-o pessoalmente e fiquei a admirá-lo ainda mais como pessoa. Tanto quanto sei, foi o único jogador profissional naquele tempo, que ganhando algum dinheiro, preferiu optar pelo hó- quei em patins, onde se sagrou ao serviço da Seleção Nacional campeão europeu e mundial.
Tem boas memórias do Sporting desses tempos?
VM - Até me lembro que desfilei no dia da inauguração do Estádio José Alvalade, a 10 de junho de 1956. Como era atleta federado do Sport Algés e Dafundo fui ao desfile e isso marcou-me muito. Foi uma festa muito bonita, com mais de 60 mil pessoas, e o estádio, que tinha sido construído em tempo recorde, menos de dois anos, era grandioso. Durante alguns anos conservou a sua pista de ciclismo, o que lhe conferiu uma decoração olímpica a condizer com os anéis olímpicos na Tribuna de Honra. A minha vivência desportiva enquanto jovem permitiu-me estar ainda presente nos desfiles de inauguração do Estádio do Restelo e da Luz.