Evitar autogolo
Benfica tem pela frente um mês tremendo. Por isso, precipitar a transferência de Rúben Dias para o Lyon poderá ser um autogolo terrífico. É certo que 30 a 35 milhões de euros por um futebolista que efetuou 30 jogos pela equipa principal podem parecer estimulantes, mas não mexer na última linha, que afiançou importantes rotinas na segunda volta de 2017/18, é algo crucial para deixar o Benfica mais perto de um arranque bem-sucedido. Depois, do ponto de vista individual, Rúben Dias, mesmo não se tratando de um especialista, é o defesa-central encarnado que oferece mais qualidade nas saídas, muitas vezes presas a uma construção excessivamente direta e pouco elaborada e aquele que garante uma melhor
CONTI AINDA DENOTA TENDÊNCIA PARA NÃO ASSUMIR QUALQUER RISCO NAS SAÍDAS
complementaridade com Jardel. Algo que não significa um atestado de incompetência a Conti, que está a aproveitar a pré-época para assegurar a posição de principal alternativa à dupla. Contudo, importa perceber que chega de uma realidade competitiva bem diferente, algo que se faz sentir na forma como ainda procura perceber a colocação exata dos apoios, ou adquirir mais conhecimento na definição da última linha e na perceção do controlo da profundidade. Forte nos duelos aéreos, sagaz na antecipação (mas ainda a precisar de melhorar o tempo de entrada aos lances) e concentrado, denota ainda a tendência para não assumir qualquer risco nas saídas, o que o leva a recorrer a processos simples para não cometer erros primários. Ainda assim, menos rudimentares do que os do seu compatriota Lema, central musculado e fortíssimo pelo ar, mas com menos margem futebolística para se impor num clube de dimensão elevada.