“Centralização garante aumento das receitas”
Pedro Proença pretende internacionalizar a Liga e aumentar um bolo que atingiu o limite interno
O debate entre Pedro Proença e Javier Tebas, no âmbito dos Encontros Ibéricos, dos quais Record é parceiro oficial, permitiu ao líder da Liga Portugal ser assertivo em relação à formula de crescimento das receitas para os clubes que, a seu ver, passa pela centralização como via para internacionalizar a marca.
“Neste momento há contratos assinados, é certo, mas vai haver necessidade de recolocar este tema no topo da agenda. Não tem apenas a ver com uma questão de receitas, mas também com a estratégia com que podemos trabalhar a Liga enquanto marca em termos internacionais. Em termos de receitas nacionais estamos na capacidade máxima. Não é possível, num mercado de dez milhões de pessoas, ter mais do que 500 ou 600 mil consumidores de direitos audiovisuais. Vamos ter necessidade de crescimento e os desafios que se vão colocar às sociedades desportivas passam por perceber como poderemos abordar o mercado internacional se não for desta forma agregada”, sublinhou. Seguindo o exemplo de La Liga, quando deu um passo semelhante, será assegurado que “aqueles que recebem mais continuarão a receber pelo menos os mesmos valores, e que os que menos recebem verão as suas receitas au- mentadas. Só assim fará sentido qualquer tipo de discussão por forma os clubes adiram a este modelo. É o modelo das boas práticas internacionais. Terá de haver um espaço para esta discussão”, acrescentou Proença, durante a manhã de ontem, no Hotel Yeatman, em Vila Nova de Gaia. O debate, moderado pelo nosso jornal, suscitou ainda a questão da grande diferença de recursos financeiros entre a Liga portuguesa e grande parte das suas congéneres europeias. “O tema coloca-se no binómio entre o preceito desportivo e o preceito económico. Portugal é o que é. Representamos na União Europeia o peso que temos e não vamos mudar o peso que o futebol tem dentro das outras indústrias do país. Mas há uma grande margem de oportunidade criada pela convergência do modelo de negócio. A agregação das propriedades comerciais que permite exponenciar o nosso valor enquanto indústria”, acrescentou Proença, recolhendo o assentimento de Javier Tebas, o presidente de La Liga: “É impossível que a internacionalização de uma Liga seja feita de forma individual durante um ano. Durmo 110 noites por ano num avião, sei bem o trabalho que dá. Na primeira centralização dos direitos de La Liga passámos para 1300 milhões/ano.” *
“VAMOS TER NECESSIDADE DE CRESCIMENTO E A ADESÃO A ESSE MODELO SERÁ DESAFIO PARA AS SOCIEDADES DESPORTIVAS”