“Perdemos os últimos três títulos por má comunicação”
Afirmou recentemente que o Sportingfoidesastrado namaneirade comunicar. É culpamaioritária de Bruno de Carvalho?
DF - Acho que a falta e a deficiência da comunicação dele é um facto. Há circunstâncias em que nem comunicação é. Chamar àquilo comunicação já é difícil, uma posição que não subscrevo. Aliás, o Sporting perdeu os últimos três campeonatos por má comunicação. Há quem diga que foram dois, eu digo que foram três. Criou inimigos em tudo o que era possível e imaginário. Quando o foco estava nos outros, voltou a pôr o foco em nós.
Apropósito de Bruno de Carvalho, numa publicação recente no Facebook o ex-presidente disse que iria, entre outros, falar sobre a sua candidatura. Faz ideia do que ele tem para dizer?
DF - Não. Nem me preocupa. Com verdade, ele não pode dizer nada que me faça ficar mal.
Foi presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting entre 2009 e 2011. Por ter esse passado, como analisao trabalho hoje realizado por Jaime Marta Soares?
DF - Só podia criticar o atual presidente da Mesa da Assembleia Geral se eu tivesse estado, em 2009 e 2011, na mesma situação que ele. Sempre tive assembleias tranquilas, mais ou menos animadas. Até vou dizer uma coisa que nunca disse. Uma vez, numa AG, levei um pontapé ao pé das urnas. Ninguém soube, nunca falei disso. E disse ‘epá, calminha’, isto é a assembleia do Sporting. Também tive AG agitadas, mas nada que se compare com o que aconteceu. Acho que Jaime Marta Soares teve culpa em algumas coisas que aconteceram, designadamente na AG de alteração de estatutos. Depois, teve um percurso algo errático, que culminou numa situação particularmente difícil. Mas quer seja Jaime Marta Soares, Bruno de Carvalho, Dias Ferreira... Quando as pessoas estão em baixo, devido a alguma circunstância da vida, sou incapaz de as atacar. Por outro lado, se essa pessoa estiver no seu auge e tiver que a atacar, ai isso sim, vou-me a eles que nem um leão!
Integrou o último Conselho Leonino, entretanto extinto durante o mandato de Bruno de Carvalho. Foi algo necessário?
DF - O Conselho Leonino só teria utilidade aumentando o seu número e se fosse uma assembleia dele- gada para tratar de problemas importantes estruturais, que não possam ser tratados por 6 mil ou 7 mil sócios. Agora, se fosse um órgão meramente consultivo, acho que devia ser diminuído para funcionar. Não sendo uma coisa nem outra, acho que a solução é acabar.
É algo irreversível?
DF - Recentemente foi criado nos estatutos - e talvez tenha sido a única alteração positiva - que, mantendo nome do Conselho Leonino, se podia conferir uma espécie de aspeto de um Conselho de Estado, com posição estratégica. Era importante que isso fosse aproveitado por qualquer presidente, para assim ser aconselhado por pessoas que não fazem parte do seu Conselho Diretivo, mas que têm ideias positivas. O Sporting perdeu influência nos órgãos desportivos.
Ao longo destes anos foram relatadas algumas reuniões tensas no seio do Conselho Leonino...
DF - Este Conselho Leonino das eleições de 2017 só demonstrou que tinha de ser extinto. O que se passou nas reuniões só demonstrou
“QUANDO O FOCO ESTAVA NOS OUTROS, BRUNO DE CARVALHO COLOCOU-O EM NÓS OUTRA VEZ. CRIOU INIMIGOS EM TUDO”
isso mesmo. Não servia para nada. Ainda se tentou aproveitar alguma coisa, mas as pessoas sabiam que era um órgão em extinção. Se antes não funcionava, depois muito menos.
Esse tipo de situações fá-lo temer pelo futuro do Sporting?
DF - Não me preocupa. Não tenho medo do futuro do Sporting, porque ele contém em si uma força e uma história que, comigo ou sem mim, nunca vai morrer. No final do ano estava era preocupado com a SAD. A SAD podia aparecer e desaparecer. E se desaparecer há consequências desastrosas. Parece que as coisas se estabilizaram, porque antes a SAD estava falida com as rescisões. O clube, sempre o disse, não morre. Com uma massa associativa destas é impossível. Há jovens que choram pelo Sporting e nunca o viram ganhar no futebol. Eu vejo cada vez mais militância. Num momento difícil, foram votar na destituição do presidente, uma coisa que lhes custou, como a mim. *