Pontapés falhados e explicações místicas
O BENFICA ENTROU TÃO RELAXADO E TÃO DIVERTIDO PARA A SEGUNDA PARTE QUE O VITÓRIA DE GUIMARÃES ACABOU POR FAZER 2 GOLOS E LÁ SE REINSTALOU A ANGÚSTIA NO MIÚDO E NOS OUTROS TODOS, MIÚDOS E MENOS MIÚDOS, QUE ESTAVAM NA BANCADA
Está tudo dito pela imagem do jovem adepto do Benfica que ilustra esta crónica. Facundo Ferreyra preparava-se para chutar da marca de 11 metros e o Benfica ganhava por 1-0. A angústia do miúdo não devia ser maior do que a do avançado que o Benfica foi buscar ao campeonato da Ucrânia. Há coisas assim, tão previsíveis, que nem os mais inocentes escapam ao seu sortilégio. Ferreyra falhou o pontapé. Meia hora depois já o seu falhanço tinha uma explicação religiosa. Ainda bem que desperdiçou a grande penalidade para não retirar brilho ao hat trick de Pizzi. E assim se seguiu para intervalo. O Benfica entrou tão relaxado e divertido para a segunda parte que o Vitória acabou por fazer dois golos e lá se reinstalou a angústia no miúdo e nos outros todos, miúdos e menos miúdos, que estavam na bancada. Mas o Benfica ganhou o jogo. Mal o árbitro apitou para o fim uma nova explicação, agora mística, surgiu. Ainda bem que se jogou tão mal na segunda parte para não se convencerem de que o Jonas não faz falta. É assim o futebol, há razões para tudo. Na próxima 3.ª feira, em Istambul, convirá ao Benfica repetir a primeira parte de ontem e a segunda parte de terça-fei- ra com os turcos. Convém-lhe mesmo muito.
Reconheça-se a Bruno de Carvalho o mérito de lutar como
nunca ninguém lutou por um ganha-pão. Poderá soar mal o “ganha-pão” mas, na realidade, foi o próprio que se socorreu da expressão – “olhem que isto é o meu ganha-pão!” – numa determinada circunstância quando se viu confrontado com um qualquer incómodo causado por um qualquer jornalista atrevido. Aceita-se, portanto.
Não mentiu o decano dos decanos quando há coisa de dias
disse que por cá só havia um clube pentacampeão. Não será, no entanto, a essa proeza desportiva – e trata-se mesmo de uma proeza – que o nome Pinto da Costa vai ficar indelevelmente associado nos nossos compêndios educativos. Enquanto houver YouTube o nome do presidente do FC Porto, mais do que com títulos, combina com serviços de catering e de acompanhamento hoteleiro a árbitros de futebol, com serviços de aconselhamento matrimonial a encarregados de educação de árbitros de futebol, com expedições turísticas rápidas, rapidíssimas, até à bela e tão próxima Galiza, e, finalmente, com a sua voz de GPS destinado a fornecer indicações de trânsito a árbitros de futebol perdidos nos arredores da grande selva metropolitana duriense: “Se vier pela direita tem uma tabuleta que diz Porto, não sei quê… para a esquerda… o senhor vira à direita… continua em frente pela direita, desce, desce, desce…” E, quando deixar de haver YouTube, outras plataformas ainda por inventar perpetuarão, confiemos no progresso, o sempre eterno e mais do que merecido lugar do presidente do FC Porto na História de Portugal e arredores na transição do século XX para o século XXI. “Desce, desce, desce…”
NUNCA NINGUÉM LUTOU COMO BRUNO DE CARVALHO LUTA PELO SEU “GANHA-PÃO”