Record (Portugal)

“Sou um surdo do caraças”

- ANDRÉ FERREIRA

NELSON ÉVORA SÓ DÁ VALOR AOS TÍTULOS INÊS HENRIQUES “A PIONEIRA” SONHA COM OS JOGOS

Heróis dos Europeus chegam a Lisboa com a confiança em alta e já só pensam nos Jogos

Os campeões voltaram! Cerca de uma centena de pessoas recebeu no Aeroporto Humberto Delgado a comitiva portuguesa que participou de forma bem satisfatór­ia no Europeu de Berlim, onde se destacaram as brilhantes medalhas de ouro de Nelson Évora (triplo salto) e Inês Henriques (50 km marcha).

O saltador português que arrecadou na Alemanha o ouro que lhe faltava – já tinha sido campeão europeu por duas vezes, mas em pista coberta –, foi dos mais acarinhado­s pelo público e, à conversa com os jornalista­s, equiparou-se a um... artista. “Qual é o meu segredo? Amo aquilo que faço. Desde os 7 anos, quando descobri o atletismo, foi uma paixão à primeira vista. É onde me sinto bem, onde me sinto confortáve­l. O verdadeiro segredo para se reinventar é adaptar-se às novas regras ou às novas metodologi­as. Sou um artista, e um artista tem de se reinventar”, confessou, antes de desvaloriz­ar as críticas que sofreu nos últimos tempos. “Sou um surdo do caraças, não faço nada para calar a crítica. Sinto-me muito feliz por finalmente, depois de muitos anos, conseguir este título. Foi muito difícil para saltar, mas o importante era trazer o título para casa

NELSON ÉVORA GARANTE QUE O OURO EM BERLIM NÃO FOI PARA CALAR OS CRÍTICOS: “SOU UM SURDO DO CARAÇAS”

e não poderia estar mais feliz”, prosseguiu Nelson Évora que, aos 34 anos, ainda se sente com a força suficiente para aparecer forte nos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020.

“Tenho demonstrad­o isso nos últimos anos, depois de muitas lesões e muitos contratemp­os. Tudo depende da nossa cabeça e se somos ambiciosos para atingir os nossos objetivos. Sentia que tinha tudo para ganhar a medalha. Cada título tem um sabor especial, cada prova tem uma história diferente. Agora o objetivo é chegar a Tóquio o mais forte possível e trazer uma medalha. Nunca fui para uma grande competição sem pensar numa medalha. Ainda faltam muitos treinos até lá, pequenas lesões, e há que gerir bem. Temos um plano bastante bom”, observou o português, que subiu ao lugar mais alto do pódio no triplo salto com a marca de 17,10 metros, secundado por Alexis Copello, do Azerbaijão, que conquistou a medalha de prata (16,93), e pelo grego Dimitrios Tsiámis, que ar- recadou o bronze (16,78).

“Fora de moda”

Muito solicitado por jovens fãs no aeroporto, Évora agradeceu ainda o apoio dado pelo Sporting ao longo dos últimos tempos, mesmo nos momentos mais difíceis, e deixou mais uma reflexão aos críticos. “É impossível ver todas as mensagens de parabéns, mas tenho realmente de dar valor àqueles que me apoiam e tenho de agradecer ao Sporting. Críticas? Vou estar sempre fora de moda, não me importo. Eu não sigo a moda, a moda é que me segue”, disse o melhor saltador português da história. *

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CHEGADA. Inês Henriques e Nelson Évora no aeroporto de Lisboa

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