Benfica: segundas impressões
duas semanas, no ocaso da pré-temporada, destaquei a estabilidade, a versatilidade e a leveza enquanto indícios positivos do Benfica para uma época que se deseja longa. Uma defesa que é a mesma e, desta feita, tem um guarda-redes com presença; alguns sinais de variação no sistema de jogo e a boa forma de jogadores-chaves (Pizzi, Grimaldo e Salvio) são auspiciosas. Sinais importantes, para além do mais, numa temporada que, se hoje se confirmar a passagem aos playoffs da Champions, será mais exigente do que a anterior. Após o desinvestimento e o falhanço desportivo do ano passado, a reconquista é mesmo uma obrigação.
Entretanto ocorreram duas partidas, com resultados positivos e exibições, a espaços, entusiasmantes. Pelo meio, assistimos ao folhetim Jonas, que poderia e deveria ter sido trata- do, de um ponto de vista comunicacional, de outra forma. Não o foi: perdeu o Benfica e perdeu o jogador. Apesar de tudo, no fim, o que conta é a permanência do extraordinário avançado brasileiro, que será determinante para a anunciada versatilidade tática. Após a renovação de Jonas, só podemos esperar que, até ao fecho do mercado, não circulem boatos de que também Pizzi e Rúben Dias foram assolados por problemas lombares crónicos e que a sua saída até é conveniente. Quanto aos jogos, já assistimos a três versões da equipa: uma empolgante e concretizadora na segunda parte frente ao Fenerbahçe e, sobretudo, na primeira metade com o Vitória; uma outra, excessivamente cautelosa e incipiente no ataque, nos primeiros 45 minutos frentes aos turcos, abandonando Ferreyra à sua sorte, no que tem sido, de facto, um 4x5x1; e, ainda, a da descompressão, já sem Fejsa em campo – agudizada pela estreia pouco inspirada de Alfa Semedo –, entre os 65 e os 85 minutos frente aos vitorianos. Aliás, se olharmos para o futebol que o Vitória exibiu nesse período, mais valorizada fica a primeira metade do Benfica.
É certo que a entrada descolorida frente ao Fenerbahçe se poderá ter devido ao peso da responsabilidade de uma importante eliminatória disputada em, pelo menos, 180 minu- tos. Afinal, era também o primeiro jogo da época, ainda para mais na Luz diante quase 60 mil benfiquistas e face a um adversário com um plantel forte. Mas, há uma semana, contra os turcos, ficou também a sensação de que a equipa se viu amarrada, presumese que por indicações do treinador, com André Almeida e Grimaldo a recusarem quase sempre, como primeira opção, as investidas atacantes. Ao que acresce que Pizzi e Gedson, pouco subidos, aparentaram estar mais preocupados com a proteção da retaguarda do colega do que em criar desequilíbrios na defensiva contrária. O golo de Cervi, quando a atitude da equipa era já bem diferente, para melhor, disfarçou o que se passara antes. Hoje, espera-se que o 1-0 seja suficiente para o desfecho positivo da eliminatória e que a timidez estratégica de Lisboa não saia cara.
HOJE, ESPERA-SE QUE O 1-0 SEJA SUFICIENTE E QUE A LISBOA NÃO SAIA CARA