Record (Portugal)

“O nosso ecossistem­a é mais rico do que o do At. Madrid”

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A preocupaçã­o em manter a maioriadaS­AD temsido umdos temas em destaque nas eleições.

MC – A SAD é detida pelo clube, não faz sentido isto mudar. Sei que tem sido uma questão, mas é quase uma não-questão. Não há ninguém que diga que isto deva ser como o Belenenses. O que é realmente falado é como é que nós vamos conseguir garantir que o clube continue a mandar na SAD. Todas as candidatur­as acreditam que a SAD deve ser dos sócios, mas nós acreditamo­s que, para tal acontecer, o clube terá de comprar a SAD. Em 2026, existem VMOC que o clube tem de ter capacidade para comprar.

Do seu conhecimen­to do clube e do que tem vindo a estudar, o clube tem condições para fazer isso?

MC - Penso que sim. Tendo em conta os ativos que o clube e a SAD têm, existem condições, gerindo como deve ser até 2026, para podermos fazer isso sem problemas.

Crê que se gasta demasiado em alguma área? Se sim, pode colocar em risco a saúde financeira?

MC - É uma questão muito específica. Se entrarmos nas especifici­dades dos problemas, nunca vamos falar da estratégia. Se os sócios a compreende­rem e aceitarem, esse tipo de perguntas nem se coloca.

E essa estratégia é um modelo único emPortugal?Umaespécie de revolução que quer introduzir? MC - Diria que não. Qualquer gestor a trabalhar em Portugal tenta fazer partes disto. O Pavilhão João Rocha, por exemplo, é importantí­ssimo para o tal ecossistem­a, porque ajuda a que as pessoas fiquem mais próximas. Logo, parte disto já era feito, provavelme­nte não de forma completame­nte integrada e pensada. Relembrand­o o At. Madrid, a dimensão deles, em termos de adeptos, não é assim tão diferente da do Sporting. O nosso ecossistem­a é até mais rico do que o deles, porque eles só têm futebol e nós somos ecléticos. Num jogo em casa do At. Madrid às 18 horas, eles começam essa experiênci­a cinco horas antes, com concertos e espetáculo­s para crianças. Potenciam tudo. Renovaram a app digital, o site, tudo para ajudar a que a experiênci­a seja mais imersiva.

Estamos a falar de uma mudança de mentalidad­es. Não acha que isso será difícil de conseguir? Por que é que ninguém ainda se tinha proposto a fazer isto?

MC - No Sporting existe muita procura latente. Se dermos isto às pessoas, elas vão aproveitar. A prova cabal é o pavilhão. Apesar de não o termos gerido proativame­nte, as receitas de bilheteira aumentaram dez vezes. Quanto à segunda questão, gerir desta forma é complexo. Dei-lhe um exemplo de uma experiênci­a mas já pensámos em mais de 40 diferentes.

Tais como?

MC – Por exemplo, outra: pagar quotas. Hoje, cerca de metade dos sócios não pagam quotas. Como sócio, eu recebo um email para as pagar. Se não o fizer, no mês seguinte recebo o mesmo email, mas não muda a comunicaçã­o. Ao contrário das empresas normais, não existe um ênfase no débito direto para assim evitar que as pessoas fiquem inativas. O único impacto que tenho se não pagar quotas é que se for ao estádio, não entro, ou se for votar, não voto. Nós não só não promovemos aquilo que nos garantiria mais pessoas a pagar quotas, como não gerimos o processo para as pessoas. Isto é uma maneira diferente de fazer as coisas. Não sei se há muitas empresas a trabalhar assim em Portugal, apesar de os grandes líderes de empresas mundiais estarem todos a pensar desta forma. Temos de ouvir as pessoas, saber do que gostam ou não gostam, e fazer ajustes. *

“NO SPORTING HÁMUITAPRO­CURA LATENTE. SE DERMOS ISTO ÀS PESSOAS, ELAS VÃO APROVEITAR. APROVACABA­LÉ O PAVILHÃO”

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