Record (Portugal)

NAO HA JAMOR SEM SOFRIMENTO

Depois de estarem a vencer por dois golos e com sorrisos rasgados, os dragões viram ressuscita­r o fantasma do Restelo. Valeu a raça do campeão

- CRÓNICA DE RUI SOUSA

Não fossem a raça e a crença que ajudaram à conquista do título, e o FC Porto teria deixado no Jamor os primeiros pontos no campeonato, numa fase muito mais prematura do que na época passada, o que seria desde já um sinal de fraqueza em relação aos rivais. Um jogo estranho e até atípico este que os dragões fizeram na nova casa do Belenenses. Abriram o marcador no segundo remate que dirigiram à baliza de Muriel, consolidar­am a vantagem nos primeiros segundos da segunda parte, num lance caricato que despertou sorrisos rasgados até na tribunal presidenci­al, mas depois caíram num marasmo que não é nada a imagem que Sérgio Conceição projetou na sua equipa. De forma inexplicáv­el, que não passou apenas pelo intenso calor que se fez sentir e pelo estado da relva que tornou o jogo mais lento, o FC Porto perdeu o controlo e permitiu que o Belenenses reentrasse na discussão do resultado. O penálti transforma­do por Fredy provocou danos e o fantasma que perseguiu os portistas nas últimas deslocaçõe­s ao Restelo ressuscito­u. Sérgio Conceição percebeu a superiorid­ade da equipa de Silas e reforçou a zona central do terreno, procurando assumir novamente o comando. Primeiro ao colocar Otávio no meio, deixando o corredor direito para Corona, e mais tarde assumindo definitiva­mente a mudança para o 4x3x3, com a entrada de Óliver Torres. Herrera ficou como pivô defensivo, libertando o espanhol e Sérgio Oliveira mais para a frente. Só que as alterações não surtiram qualquer efeito prático e os dragões estiveram entre os 63 e os 90 minutos sem fazer um único remate, nem sequer para fora. Entre a tentativa de Brahimi que acabou no peito de Muriel e o disparo desenquadr­ado de Corona, Sérgio Conceição viu o Belenenses ameaçar Casillas com uma finalizaçã­o de Keita, aos 77’, e o mesmo jogador acabar por marcar o golo do empate que deixou os portistas à beira de um ataque de nervos.

Brahimi apagado

Nessa altura já Brahimi estava fora do campo. O argelino não se mostrou ao seu nível e disso mesmo se ressentiu a manobra ofensiva da equipa, faltando-lhe magia e capacidade de desequilíb­rio. Que o diga Aboubakar, que também esteve muito abaixo do que tinha feito frente ao Chaves. Tal como tinha acontecido com Corona e Óliver, Hernâni nada trouxe ao jogo. O FC Porto abusou do calculismo e quase viu as suas ambições traídas, não fosse o derradeiro fô-

lego e a raça que o tornou campeão para empurrar o Belenenses para a retaguarda e levar o adversário a cometer um erro.

Foi assim que Henrique retribuiu a mão que Diogo Leite deu aos azuis e que permitiu a Alex Telles avançar para a marca de penálti num daqueles momentos feitos para homens de barba rija. O brasileiro não vacilou e deu ao FC Porto a segunda vitória em casa do Belenenses nas últimas seis deslocaçõe­s, afastando o fantasma do Restelo e ao mesmo colocando os dragões numa posição privilegia­da antes do Benfica-Sporting.

Aviso

Do que se passou no Jamor ficou um sinal positivo para Silas, que viu reforçada a confiança da sua equipa com uma exibição de bom nível, e um aviso a Sérgio Conceição. Desde que chegou ao FC Porto, foi a primeira vez que o técnico colocou a mesma equipa em campo pela terceira vez consecutiv­a e ontem foi notória a falta de profundida­de no corredor direito. Maxi Pereira ganha com a presença de Corona desde início e aqui nem sequer entra a questão Marega. Alex Telles falou em erros que terão de ser corrigidos e ontem o FC Porto esteve muito distante dos jogos anteriores. *

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