A Liga dos atrasos
É natural que o adepto comum não tenha noção do fenómeno, mas já na época passada tinha alastrado uma praga de multas resultantes dos repetidos atrasos das equipas tanto no início como no reinício dos jogos. Numa competição profissional, é indecoroso que os delegados da Liga tenham de andar a bater à porta dos balneários para que os horários sejam cumpridos. Só na jornada inaugural da 1.ª Liga verificaram-se nove multas por estas infrações, com o V. Setúbal e o Belenenses a conseguirem o feito de se terem atrasado tanto para o pontapé de saída como para o reatamento. Na 2.ª jornada, o volume de sanções dificilmente irá baixar no próximo comunicado do Conselho de Disciplina. Dado o grau de reincidência sem correção, depreende-se que há quem se esteja literalmente a marimbar para a pontualidade. Depois, os atrasos somam-se às contingências das partidas e o Belenenses-FC Porto termina com o Santa Clara-Sp. Braga já a chegar aos 20’ de jogo, desvalorizando a própria competição e o seu produto televisivo. Para a semana, já agora, há um FC Porto-V. Guimarães a começar duas horas depois do Benfica-Sporting...
Quando algum dia a Liga se lembrar de impor horários que levam o rigor ao segundo, como sucede nas provas da UEFA, vai haver quem procure formas de privilegiar apenas o seu interesse. É o que está a acontecer com a ‘superflash’, uma iniciativa que decorre no relvado, no final dos encontros, sendo atribuído um prémio ao melhor jogador. No mínimo, é uma iniciativa benigna. Porém, o FC Porto, como noticiámos, mas também o Benfica, V. Guimarães e Nacional, querem travar essa ação facultativa, aprovada pelos clubes, e dão-se ao trabalho de recorrer à justiça. Paz, no futebol português, só a ‘podre’ das tribunas presidenciais.