A (má) gestão desportiva
Neste espaço de opinião procuro valorizar os exemplos de boa gestão desportiva, não só ao nível financeiro mas, sobretudo, pela valorização dos jogadores. A préépoca é, contudo, um período de atropelos a direitos laborais que comprometem os elogios a qualquer gestão e sobre os quais não posso ficar indiferente.
O contexto é quase sempre o mesmo. Nuns casos, o clube tem um jogador que considera excedentário, que não conta para a equipa técnica, que pretende transferir ou, não sendo possível, convencer a cessar por acordo o vínculo laboral. Até que obtenha uma solução ou vença o jogador pelo cansaço, colocao a treinar à parte, priva-o, nalguns casos, do pagamento atempado do salário, ameaça despromovê-lo à equipa B ou, hoje em dia, até à equipa de sub-23.
Noutroscasos, sãoosprópriosatletas que manifestam a intenção de se transferir para outro clube, ou simplesmente equacionam um novo projeto profissional. Assim, reina a dicotomia “se te quero mandar embora tu terás de ir, se te queres ir embora só vais se eu quiser”. Asolução não passa por dialogar mas antes por segregar, sancionar sem oportunidade de defesa, pressionar o jogador sem atender a qualquer direito que a sua condição de trabalhador lhe confira.
Transversalmente, háuma tendênciapara desvalorizar o cumprimento contratual, do lado dos clubes e exacerbar a obrigatoriedade dos praticantes em cumprir o vínculo. É precisamente este desequilíbrio que precariza, cada vez mais, um setor em que parece valer tudo. Enquanto presidente do Sindicato quero deixar uma mensagem clara aos jogadores: denunciem estes casos e procurem apoio. Felizmente existem mecanismos legais para combater práticas de assédio e abusos do poder de direção conferido ao empregador. Presidente dadireção do SJPF