Record (Portugal)

A (má) gestão desportiva

- JoaquimEva­ngelista

Neste espaço de opinião procuro valorizar os exemplos de boa gestão desportiva, não só ao nível financeiro mas, sobretudo, pela valorizaçã­o dos jogadores. A préépoca é, contudo, um período de atropelos a direitos laborais que compromete­m os elogios a qualquer gestão e sobre os quais não posso ficar indiferent­e.

O contexto é quase sempre o mesmo. Nuns casos, o clube tem um jogador que considera excedentár­io, que não conta para a equipa técnica, que pretende transferir ou, não sendo possível, convencer a cessar por acordo o vínculo laboral. Até que obtenha uma solução ou vença o jogador pelo cansaço, colocao a treinar à parte, priva-o, nalguns casos, do pagamento atempado do salário, ameaça despromovê-lo à equipa B ou, hoje em dia, até à equipa de sub-23.

Noutroscas­os, sãoosprópr­iosatletas que manifestam a intenção de se transferir para outro clube, ou simplesmen­te equacionam um novo projeto profission­al. Assim, reina a dicotomia “se te quero mandar embora tu terás de ir, se te queres ir embora só vais se eu quiser”. Asolução não passa por dialogar mas antes por segregar, sancionar sem oportunida­de de defesa, pressionar o jogador sem atender a qualquer direito que a sua condição de trabalhado­r lhe confira.

Transversa­lmente, háuma tendênciap­ara desvaloriz­ar o cumpriment­o contratual, do lado dos clubes e exacerbar a obrigatori­edade dos praticante­s em cumprir o vínculo. É precisamen­te este desequilíb­rio que precariza, cada vez mais, um setor em que parece valer tudo. Enquanto presidente do Sindicato quero deixar uma mensagem clara aos jogadores: denunciem estes casos e procurem apoio. Felizmente existem mecanismos legais para combater práticas de assédio e abusos do poder de direção conferido ao empregador. Presidente dadireção do SJPF

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