RESGATE NA GRÉCIA
BENFICA FICOU A DEVER A SI PRÓPRIO MUITOS GOLOS PIZZI “Se tivéssemos concretizado, podíamos ter ganho por dois ou três” RUI VITÓRIA “Quem faz um jogo assim merece passar”
INDISPOSIÇÃO TRAMOU SALVIO JONAS E CASTILLO EM DÚVIDA PARA O DÉRBI ÁGUIAS VÃO AO LIMITE POR RAMIRES
resultado do Benfica ontem na Luz, para quem em alguns momentos tanto jogou e acabou por falhar aquilo que poderia ter sido a decisão, em Lisboa, da eliminatória dos 43 milhões. A equipa de Rui Vitória é em termos de talento muito superior ao PAOK, ainda que os gregos não possam ser menosprezados. Não só porque o resultado que levam da Luz é muito positivo, mas também porque Razvan Lucescu tem uma formação que conhece os vários momentos do jogo, talvez orientada até para algo mais ambicioso do que o talento dos seus jogadores pode dar.
Parece redutor dizer que o que faltou ao Benfica foi apenas marcar. Não foi só, mas ajudou muito a este empate comprometedor. Os encarnados demoraram algum tempo a perceber como escapar à teia montada pelo PAOK, que obrigava a muita inteligência na saída de bola e levou até o grego Odysseas a duas entregas comprometedoras ao adversário. Mas se o golo anulado a Gedson foi o primeiro balde de água fria na Luz, logo aos 5’, a verdade é que a partir dos 15’ os encarnados já tinham resolvido a maior parte dos problemas criados pelos gregos. Vitória solucionou a falta de pressão no jogo interior, os laterais começaram a soltar-se ofensivamente e Pizzi e Gedson agarraram no jogo para o que seria o festival de falhanços. Os encarnados podiam ter marcados aos 23’, 25’ e 27’, tendo Pizzi como protagonista em todas as oportunidades, mas o golo acabaria por chegar através de penálti cometido sobre Gedson. Uma justiça tardia mas em bom momento, pois o jogo ia para o intervalo com a águia em vantagem.
Tudo na mesma, até...
O Benfica voltou na mesma toada e com domínio total até cerca dos 65’. Pizzi comandava as operações, Cervi e Zivkovic procuravam combinações nas alas com André Almeida e Grimaldo e Gedson e Fejsa davam agressividade a um meio-campo que não deixava os gregos respirar.
Será injusto atribuir a Rui Vitória as culpas pelo menor fulgor que se seguiu? Talvez. Mas foi após a saída de Zivkovic que o Benfica começou a perder gás. É verdade que Rafa esticou o jogo e criou momentos de perigo, mas o miolo partiu-se. Warda começou a aparecer, o PAOK voltou a acreditar e resta saber o que terá pesado mais na retração encarnada: falta de pernas, pensamento no dérbi ou simples cansaço acumulado? É complicado dizê-lo. Pode até
ser um pouco de tudo isto. Rui Vitória sofreu com o golo aos 76’ e mexeu a sério aos 79’. Cervi e Pizzi para fora e João Félix e Seferovic para dentro. O primeiro teve dois momentos deliciosos e mostrou porque é um dos talentos que mais fé gera na Luz, o segundo nada trouxe de bom.
Mesmo já sem o brilhantismo que chegou a atingir na primeira parte e nos primeiros 15’ da se- gunda, o Benfica fez o suficiente para vencer. Um passe delicioso de Felix para Ferreyra podia (e devia) ter mudado tudo e Seferovic também teve um golo nos pés. Mas não deu.
Rui Vitória terá de analisar se não estará a dar demasiados minutos sempre aos mesmos neste início de temporada e se não terá sido isso que fez o Benfica perder fulgor. Com um plantel tão rico e cheio de soluções, talvez seja preferível rodar um pouco mais e atingir índices físicos superiores. Se o empate caseiro levanta maiores preocupações sobre a forma como o Benfica pode seguir em frente na Champions, não será preciso nenhum milagre para trazer os 43 milhões de Salónica. O Benfica tem de jogar focado, sabendo que tem de marcar e não perder o controlo, emocional e do jogo. Isto ainda não acabou. *
MINUTO 90’+3 O último lance do jogo acabou por ser o melhor espelho da noite encarnada. Desta vez coube a João Félix o protagonismo, com o remate do jovem prodígio a sair centímetros ao lado do poste. Pontaria precisa-se!