A arte do complicómetro
Quando, ao minuto 65, retirou Zivkovic para lançar Rafa, Rui Vitória ligou o complicómetro. Claramente superiores ao rival, os encarnados atravessavam o seu melhor período no jogo, carburando um futebol envolvente, com Pizzi, Gedson, Zivkovic e Grimaldo a estabelecerem ótimas combinações que permitiam a chegada fluente a zonas de finalização. Apartir daí, a imperícia para adormecer o jogo com bola tornou-se evidente, o que redundou na perda do controlo, e a bus-
COMBINAÇÕES DE PIZZI, GEDSON, ZIVKOVIC E GRIMALDO PERMITIRAM CHEGADA A ZONAS DE FINALIZAÇÃO
ca da vertigem de Rafa com lançamentos no espaço originou arduidades em estabelecer conexões com sucesso e um vazio de oportunidades de golo. Algo que permitiu que o PAOK, agarrado às cordas, penetrasse no último terço, chegando ao tento da igualdade num livre lateral –especialidade helénica –assinado por Pelkas, onde a indulgência da defesa zonal benfiquista [3] permitiu a Varela conquistar a primeira bola – no espaço entre Jardel e Rúben Dias –em direção à barra, e a Warda atacar a segunda bola em direção ao fundo da baliza de Vlachodimos. Com 14 minutos pela frente, e recorrendo ao 4x4x2, juntando Seferovic a Ferreyra, o Benfica tentou o assalto final à baliza de Paschalakis. Feito com o coração e muita precipitação na tomada de decisão (ao ponto de André Almeida assumir a marcação de livres laterais), pois só João Félix conseguiu obsequiar cérebro ao processo ofensivo, deixando Ferreyra na cara do 2-1.
De menos a mais. O início da par- tida não foi fácil para o Benfica. O PAOK surgiu na Luz com as zonas de pressão muito bem definidas, procurando condicionar a primeira fase de construção dos encarnados. Algo que conseguiu, ao organizar-se, em momento defensivo, no habitual 4x4x2, já que, com Fejsa colocado na linha de Rúben Dias e Jardel, Pizzi e Gedson eram obrigados a recuar muito no terreno, atraindo Maurício e Cañas, solícitos a bloquear o jogo por dentro [2]. Foi ao soltar os interiores das amarras a que estavam vetados, com Gedson a revelar-se crucial a criar situações de superioridade no corredor da bola e Pi- zzi a aproximar-se mais de Ferreyra em zonas de finalização, que o Benfica, também capaz de reagir com mais agressividade –e mais alto –à perda, cresceu exponencialmente, o que gerou uma mão-cheia de oportunidades entre os 23 e os 33 minutos. O tento da vantagem surgiria de penálti, num lance em que o posicionamento em linhas diferentes dos médios-interiores foi determinante. Pizzi descobriu Grimaldo no corredor esquerdo, que buscou Gedson na área, extremamente sagaz a atacar as costas de Maurício e Cañas, que abriram uma cratera nas entrelinhas [1].