Regresso de Jesus adiado
A GOLEADA CONTRA O PAOK E OS 43 MILHÕES DE JACKPOT DA CHAMPIONS ADIARAM, PARA JÁ, O REGRESSO DE JORGE JESUS AOS ENCARNADOS
No arranque da I Liga as duas boas surpresas são o Sporting e o Feirense que se defrontam amanhã. Os homens de José Peseiro porque estão com sete pontos após o empate na Luz e sobretudo porque as expectativas eram baixas, depois da nuvem negra que se instalou em Alvalade, logo, a pressão que não se sente como noutros tempos libertou os leões para poderem rugir mais desinibidos. Os comandados de Nuno Manta, sobre o qual vaticino perfil para outros voos há algum tempo, porque podiam ter um arranque histórico e serem líderes, se não fosse a rasteira das matreiras panteras de Jorge Simão, outro treinador competente.
As surpresas negativas mo
ram noutros areópagos. A norte, Luís Castro, levou o perfume do pesadelo ao Dragão, impondo uma espectacular derrota como há muito já não se via por ali. De notável registo a reacção de Sérgio Conceição que, sem pruridos nem politicamente correctos, reconheceu que “pelo que fizemos a derrota é justa”. A equipa não carburou, não exibe o mesmo apetite insaciável da época transacta e sente-se que nem tudo rola às mil maravilhas pois é visível o desconforto do treinador perante a ausência dos reforços ambicionados. E se num ano chegou o seu sangue e alma de campeão que foi o cimento de um projecto e o compromisso de um grupo de trabalho, é perfeitamente notório que é curto o plantel para outros desígnios.
Quanto ao Benfica, é evidente a falta de paciência da tribuna da Luz com um treinador que perdeu o verniz que mostrou nas duas primeiras temporadas de águia ao peito. E essa irritação leva a que Rui Vitória reaja mais duramente nas conferências de imprensa, tal como aconteceu em Salónica. Muito estava em jogo e os 43 milhões de jackpot da Champions dão muito jeito ao equilíbrio das contas e aos objectivos desportivos. Se isso não fosse alcançado, o fantasma de Jorge Jesus, que tão simpático tem sido com Vieira ao levar Carrillo e a poder receber Samaris, que recusou a hipótese, como Adamastor para os navegadores, impor-seia a breve trecho e a sua vinda da Arábia Saudita seria uma realidade. A goleada contra o PAOK adiou, para já, o seu regresso aos encarnados.
PS: pela responsabilidade que tenho com o Record, queria esclarecer os leitores que acompanham a minha coluna que no dia 8 de Setembro serei um dos milhares de notáveis, que são todos os sócios do Sporting Clube de Portugal, que irão votar. Não aceitei nenhum convite para vice-presidente com a área de comunicação e marketing (e fui convidado por três candidatos, um deles que não chegou a avançar) por indisponibilidade pessoal e profissional, pois a vaidade não se deve sobrepor aos interesses do clube e quem ocupa cargos tem de ter tempo para eles. Não trabalhei nem trabalho com nenhum candidato, conversei com todos aqueles que quiseram estar comigo, dei conselhos a todos os que me solicitaram, pois acho que deve ser essa a postura, e não tomarei qualquer posição pública. A campanha tem corrido bem, com um ou dois momentos dispensáveis, e sinto que é tempo dos sócios decidirem livremente sem quaisquer influências. Desejo um acto eleitoral com grande participação e elevação e no dia seguinte é tempo de deixarmos trabalhar o novo presidente pois o Sporting precisa de paz.