Record (Portugal)

“LUÍS LEAL É COMO UM IRMÃO”

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Ou seja, está disposto a insistir e a permanecer na Argentina até ter sucesso?

ZT - Para ser sincero, não sei. Daqui saem muitos jogadores. Sabemos que se fizermos as coisas bem, há sempre pessoas a ver e eu tenho passaporte europeu, é mais fácil para mim chegar lá. Mas ainda não joguei e as coisas ainda têm de correr bem. Por isso, vamos ver o que se passa no futuro...

E já viu algum jogo no estádio? ZT - Já fui ver e fiquei com pele de galinha. É incrível, os adeptos não pararam. Fiquei muito impression­ado com o ambiente. Em Portugal, talvez só se viva algo semelhante num clássico, como o Benfica-FC Porto. Qualquer jogador daria tudo para jogar aqui todos os fins  NaGuiné- Bissau, quando decidiu que ia ser jogador de futebol? ZT - Eu joguei sempre futebol com os meus amigos na Guiné. E há lá muitos bons jogadores. Eu era um dos melhores do meu bairro. As pessoas diziam à minha mãe: ‘O seu filho joga muito bem, deixe-o ir para Portugal!’ E a minha mãe sempre foi contra isso. Ela queria que eu fosse para a escola. E eu agradeço isso, já que graças a ela sou um miúdo inteligent­e. Até ao último momento, ela não queria que eu fosse para Portugal. E, mesmo depois, quando eu regressava nas férias, ela dizia-me sempre que tinha de ficar na Guiné. Eu respondia-lhe: ‘Fica tranquila.’ E quando comecei a jogar no Sporting, fiquei lá quatro meses. Não tinha contrato nem nada. Foi na altura em que começou a Liga dos Campeões dos jovens [UEFA Youth League] e o Virgílio, que era o diretor da formação do Sporting, chamou-me e disse-me: ‘Olha Zé, nós queremos dar-te um

“SAÍDO CARRO, VI O SEU ESTADO E COMECEI A CHORAR. PERCEBI, ENTÃO, QUAIS SÃO AS COISAS MAIS IMPORTANTE­S NA VIDA”

contrato de formação e, no final da época, vemos se podemos passarte a profission­al ou não.’ Nessa altura eu ganhava só um subsídio, porque não tinha contrato. O primeiro dinheiro que me deram foram 150 euros e eu mandei-o para a minha mãe. Eu não precisava de nada, porque estava tranquilo na Academia. E disse-lhe: ‘Viu, a mãe não queria que viesse!’ E a minha mãe

de semana, com o estádio cheio e todos a apoiar.

Jádeve ter ouvido falar do clássico rosarino e da obrigação de ganhar ao Rosario Central. Vê isso como pressão ou motivação?

ZT - Quando cheguei, a primeira coisa que me disseram foi que tínhamos de ganhar o clássico. Nunca podemos perder o clássico. Já assisti a vídeos e não se compara com um Sporting-Benfica ou com outros clássicos. Aqui, é para ganhar. É um orgulho para o clube e, por acaso, estou muito ansioso para que chegue esse dia e já estar integrado na equipa. Estou longe da minha família, mas estou muito feliz aqui. Na vida temos de fazer sacrifício­s.

E como é asuavidaem­Rosário? ZT - Bom, é treino e casa. Saio do treino, faço algum trabalho no ginásio e vou para casa. Tenho uma nutricioni­sta que me leva as refeições. Vejo um filme, durmo a sesta, tomo um lanche e depois saio um

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