Record (Portugal)

“Van Basten parecia que era levado pelo ar”

-

Disse um dia que chorou na sua passagem pelo Sporting. Em que circunstân­cias?

A – Chorei pelo nascimento da minha filha em Lisboa, chorava pelos primeiros seis meses, por não me sentir bem, por todas as críticas. Chorei por ganhar o campeonato depois de 18 anos. Derramei lágrimas pelo Sporting em muitas situações, por bem ou por mal. Não foram só coisas boas. Mas tudo isso leva a que tenha um carinho especial pelo clube.

Esse sentimento decorre muito da relação com os adeptos. Não há campeões sem adeptos?

A – Sem dúvida. Somos nós que entramos em campo e damos pontapés na bola. Mas pelo apoio, pela paixão de ir ao estádio, os adeptos são muito importante­s. Muitas vezes não é fácil comprar um bilhete. A maioria tem problemas, faz um enorme sacrifício. São ‘loucos’, no bom sentido.

O que pensou, em maio, quando viu as imagens da invasão à Academia e das agressões?

A – Nem queria acreditar! Que possam insultar-te dentro do estádio, quando jogas mal, é normal. Agora, agressões num balneário, num campo de treinos, não consegui perceber. Para mim não são adeptos. Eles erraram. Saberão porque o fizeram. Mas ganhar ou perder não pode ser uma questão de vida ou morte. Não conheço um jogador que queira perder.

Battaglia rescindiu mas voltou, Acuña não chegou a rescindir. Fica satisfeito por saber que os dois argentinos continuam?

A – Não os conheço, nem falei com eles. Não é fácil continuar quando acontecem situações destas. São decisões muito pessoais. Se ficaram é porque têm um sentimento especial pelo Sporting. Eu tive momentos em que as pessoas me assobiavam, estavam descontent­es com as minhas exibições. Desde que não se passe uma determinad­a linha, temos de nos superar. Foi o que fiz. Quis continuar e fui campeão.

Como avalia Acuña e Battaglia? A – Cumpriram. Acuña foi chamado à seleção, jogou o Mundial. Battaglia também esteve na préconvoca­tória. Podem dar um pouco mais, mas devem sentir-se bem com o que já fizeram até agora.

Alan Ruiz voltou à Argentina. Ainda vai a tempo de um dia triunfar no Sporting?

A – É difícil. Ele teve muitos altos e baixos. É um grande jogador. No Sporting não esteve à altura. Agora quer recuperar o tempo perdido, no Colón de Santa Fé. Não se devem fechar portas. Depende dele.

E o que pensa de Bas Dost, sendo tão diferente do que foi Acosta? A – É um grande goleador. É um número 9, como eu. Não se lhe pode apontar nada, porque veio para fazer golos e fez muitos. Depois, se o Sporting não foi campeão, isso não depende só dele mas de todo um grupo: dirigentes, equipa técnica e jogadores. Nós [Argentina] temos o melhor jogador do Mundo, como dizemos sempre, Messi, e nunca fomos campeões na seleção. Nunca se depende só de um jogador.

Qual é a caracterís­tica mais importante num avançado?

A – Golos! [risos] Comparam-me com Bas Dost e somos diferentes. Mas ele faz golos e eu fazia golos. É isso o que todas as pessoas esperam de um avançado, que faça golos. Depois, podemos ir à procura de quem gostamos mais. Eu gostava de Van Basten. Era um jogador excecional. Parecia que era levado pelo ar quando jogava. Era elegante, fazia golos, tinha tudo. Mas também gostava de Batistuta. São jogadores totalmente diferentes, mas faziam golos. E ‘goles son amores’. *

“BAS DOST É UM GRANDE GOLEADOR. NÃO SE LHE PODE APONTAR NADA, PORQUE VEIO PARA FAZER GOLOS E FEZ MUITOS”

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal