Era uma vez o Benfica…
POR MAIS DEFORMAÇÕES E IMPERFEIÇÕES QUE SE OBSERVEM NO ‘EDIFÍCIO DA JUSTIÇA’, É POSSÍVEL ALGUMA VEZ VALIDAR O SEU ’ASSALTO’?
der devidamente qualificado e independente, explorou até ao limite as debilidades e as vulnerabilidades de um país e de futebol cheio de assimetrias e vazios.
Eraumavez um país e um futebol que assistiu à concretização de muitos excessos.
Era uma vez um país e um futebol –e um edifício da Justiça –que não estavam preparados para o Apito Dourado, que não espelhou, juridicamente, todos os excessos cometidos.
Era uma vez um país em que o edifício da Justiça teve de ser construído de novo.
Era uma vez um país que depressa deu sinais de precisar de mais de meio século para ajustar o sistema às novas realidades, assentes na mudança de paradigma em relação à velocidade da informação e ao império da informática.
Era uma vez um país e um futebol que viram um clube (Benfica) inconformado por não conseguir traduzir em resultados aquilo que é e sempre foi a sua dimensão de instituição com maior representatividade social.
Eraumavez um clube ( Benfica) que, num determinado momento, tentou contrariar a hegemonia de outro clube (FC Porto), através do confronto directo –e não se deu bem.
Era uma vez um clube (Benfica) que, derrotado nesse confronto directo, mudou a sua estratégia e, utilizando alguns dos processos achados como referência a Norte, com nuances de comportamento e sobretudo explorando novas técnicas de comunicação, tentou utilizar a sua dimensão e representatividade social nos diversos aparelhos e órgãos de decisão para melhor gerir o controlo das situações
Eraumavez um país e um futebol que assistiram à tentativa de outros emblemas (nomeadamente Sporting, através do ‘caso Cardinal’) conseguirem gerar superioridades através de mecanismos não recomendáveis, à luz da ética ou mesmo da lei –o que significa uma tendência generalizada, ao nível dos emblemas mais representativos, para reforçarem as suas influências fora do recinto desportivo.
Era uma vez um país e um futebol que, a certa altura, começaram a compreender o esforço de um clube (Benfica) em reconquistar a hegemonia do futebol em Portugal. Chamei-lhe a benfiquização do sistema.
Era uma vez um país e um futebol que começaram a ter a percepção – até por outros casos ocorridos fora da esfera do ‘pontapé na bola’, mas na órbita dos poderosos –que alguma coisa estava a mudar na Justiça, por força de uma ‘magistratura no feminino’, a conseguir aumentar os níveis de eficácia nos chamados casos mais problemáticos. Era uma vez um país e um futebol que deixaram de ter dúvidas sobre uma ‘guerra de poder(es)’ que se acentuara entre Benfica e FC Porto, com o Sporting a tentar intrometer-se de alguma forma.
Eraumavez um país e um futebol a observar um amontoado de processos a visar o Benfica, na dúvida se haveria acusação da parte do Ministério Público (MP).
Era uma vez um país e um futebol a confrontar-se com a acusação do MP à SAD do Benfica (acusada de 30 crimes no processo E-Toupeira) e do seu assessor jurídico, Paulo Gonçalves (79 crimes).
Eraumavez uma pergunta à qual ainda ninguém deu resposta: como se pode validar, sem consequências, um megalómano e arrogante assalto ao ‘edifício da Justiça’ sem uma crítica ou um mero pestanejar? Quem deu ‘carta branca’ a Paulo Gonçalves?