Um árbitro, um cidadão
Um dos princípios basilares do Estado de Direito é a presunção de inocência, pelo que ninguém poderá tirar conclusões ou condenar antes dos tribunais. Por isso, não me compete a mim nem à Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) fazer o julgamento.
Feito este ponto prévio, é importante também que não façamos de conta de que as coisas não existem. Esta semana, ficámos a conhecer o despacho da acusação do processo E-Toupeira, com alegações graves e que, mais uma vez, causam incómodo à classe representada pela APAF. A possibilidade de, como é referido pela investigação, haver dados pessoais de árbitros e dirigentes de arbitra-
ISTO NÃO É UM PROBLEMA DE ÁRBITROS; ISTO É UM PROBLEMA DE CIDADANIA
gem a circular de forma ilícita entre terceiros, não sabemos com que interesse ou objetivo, causa arrepios.
Porque isto não é um problema de árbitros ou dirigentes de arbitragem; isto é um problema de cidadania. Imagine o que seria se, de um momento para outro, sem que o soubesse, dados como a sua morada ou valores do último ordenado andassem a circular por pessoas que você não conhece. É isto que, de acordo com o despacho da acusação, aconteceu a nove homens com passado e presente na arbitragem.
Mais uma vez, os árbitros são o elo mais fraco em tudo isto. É tão banal serem vítimas deste tipo de crimes de devassa que já ninguém repara que também são cidadãos, com os mesmos direitos e deveres de todos nós.
Aguardemos pelo julgamento e vamos confiar que a Justiça faça justiça.