OTEMPOVOLTOU P AR A TR ÁS
Sócios compareceram em peso, pagaram as quotas em atraso e celebraram de forma efusiva a vitória sobre o Atlético
Desde bem cedo, pela manhã, vários sócios do Belenenses, sobretudo os mais antigos, dirigiram-se à secretaria para renovarem quotas há muito esquecidas. Houve um que desembolsou 1.700 euros de uma vez, para recuperar vários anos perdidos de fidelização. E decidiu fazê-lo no primeiro dia do resto da vida do novo Belenenses, em que se começou a desenhar uma forte mensagem para o universo do futebol português. O que se viu ontem no Restelo foi uma espécie de lado bom do inferno.
O novo Belenenses prepara o arranque oficial na última divisão da AF Lisboa e aproveitou o seu jogo de apresentação para marcar posição. Cair no primeiro degrau competitivo soa a inferno e a tortura, mas só para os mais desatentos. O que mais importa para os mais de 90 por cento de sócios que aprovaram processar a SAD, no final do ano passado, é a afirmação dos valores históricos. Pela frente estava o Atlético, reinventando um dos mais antigos clássicos do futebol nacional. Com duas reviravoltas, o Belenenses garantiu a vitória, mas interessa mais a viagem a partir do minuto 79… O Atlético vencia por 2-1, quando João Trabulo, a mais de 30 metros da baliza, fez levantar o estádio, igualando o encontro. E quando, a três minutos do final, Ricardo Viegas fez o golo da vitória, o banco do Belenenses, de forma genuína e instintiva, invadiu o relvado, antecipando o coro de aplausos e cânticos após o apito final.
A maior parte dos adeptos ainda não está identificada com os novos jogadores do plantel praticamente amador, mas o que interessava era a camisola que eles vestiam. Parecia, mas não estava nada combinado. O que se viu ontem no Restelo foi o prefácio perfeito para um livro em aberto sobre o clube fundado pelos Rapazes da Praia, em 1919. *