“QUERO SER O MELHOR MARCADOR DO KARPATY”
“JÁ ESTAVA ACOMODADO, ERA MAIS DO MESMO. PRECISAVA DE ARRISCAR, E ARRISQUEI VIR PARA UMA LIGA DIFERENTE” Aos 23 anos, o avançado decidiu rescindir com o Sporting, clube responsável pela sua formação, para relançar a carreira na Ucrânia, onde espera retribuir com golos a confiança depositada pelo técnico José Morais
O que o levou a assinar pelo Karpaty?
CRISTIAN PONDE – Foi a proposta. Fiquei interessado porque é a 1ª Liga. E a 1ª Liga da Ucrânia é boa. Tem equipas que estão todos os anos na Liga dos Campeões. Antes de tomar a decisão estive a informar-me e sei que é uma liga competitiva. Ponderei e achei que era melhor do que jogar na 2ª Liga mais um ano e preferi arriscar. Depois foi muito pelo treinador José Morais, claro. É português e levou-me a tomar a decisão de vir para aqui.
Qual a meta traçada para esta época?
CP – Assinei contrato para os próximos três anos. O meu desejo é jogar a época toda, conseguir fazer o máximo de minutos. Tenho a meta de ser o melhor marcador da equipa, ser a referência nesse aspeto.
Há algum número de golos que tenha definido?
CP – Não gosto de falar em números. Posso dizer um número e depois pode não acontecer e é uma desilusão. Mas penso estar no top 5 dos melhores marcadores.
O que conhece da liga ucraniana?
CP – Sei que o Shakhtar está sempre na Liga dos Campeões e o Dínamo Kiev está lá quase sempre também, ou então na Liga Europa. O Zorya também é muito bom, ganhou ao Sp. Braga recentemen- te. Aqui o formato é diferente. São 12 equipas e as primeiras seis jogam entre elas para ver quem é o campeão e as outras seis lutam pela permanência. O objetivo é ficar nos primeiros lugares e fazer dez jogos com as melhores equipas da liga, que vai ser muito bom. Vai ser uma boa experiência para mim e vou evoluir como jogador, de certeza.
Com tantos anos ligado ao Sporting, esperava que lhe abrissem as portas da1.ª Ligaportuguesa?
CP – Esperava. Estive demasiado tempo na equipa B. Foram quatro anos, mais o ano que fui para o Sp. Covilhã, que também é 2ª Liga. Nesse ano podia ter ido para a 1ª Liga e não fui. A partir daí talvez tenha ganho o rótulo de jogador de 2ª Liga, mas já estava muito acomodado, era mais do mesmo e precisava de arriscar, e arrisquei jogar numa liga diferente.
Foi operado ao ligamento cruzado e esteve seis meses parado na época de transição para sénior, falhando o Mundial sub-20. A lesão surgiu na altura errada?
CP – Sim. Claramente. Se tivesse acontecido um ano depois, talvez já tivesse outro tipo de estatuto. Era jogador de Seleção Nacional, tinha feito a pré-época com a equipa A e muitos na equipa B. Era visto de maneira diferente. Aconteceu quando estava a dar o primeiro passo e depois não consegui dar o segundo. E o Mundial sub-20 é sempre uma grande montra.
Sempre depositaram em si expectativas para um futuro promissor. Esse peso da responsabilidade aumenta quando acontecem esses infortúnios?
CP – Sinceramente, aumenta um bocado. Começa-se a ver os anos a passar. Na altura tinha 18/19, depois 20, 21 e as pessoas já não falam tanto de nós como falavam e co-
meçam a questionar: será que ele ainda vai ‘dar jogador’? É nesses momentos que temos de ser fortes. Eu quero chegar ao mais alto nível o mais rápido possível.
Esta ida para a Ucrânia é um passo atrás?
CP – Acho que não. É ao lado. Para ter mais experiência enquanto jogador e poder relançar a carreira. Se não consegui no Sporting, não quer dizer que não o consiga noutro clube qualquer. *