APOIO DA ITF CHEGA DOIS DIAS DEPOIS
Juiz português de 47 anos defendido pela Federação Internacional após série de ataques
O US Open já terminou e há um português de quem toda a gente fala. E nemsequer é João Sousa, que durante a quinzena voltou a fazer história para o ténis luso, ao chegar aos oitavos-de-final.
Carlos Ramos, nascido em Lourenço Marques (atual Maputo), em Moçambique, há 47 anos, saltou para a ribalta de forma involuntária, após envolver-se numa enorme polémica de arbitragem com Serena Williams, que a norteamericana tentou transformar posteriormente numa bandeira antissexismo e que os seus fãs rapidamente extrapolaram também para o racismo.
A situação surpreendeu o português, que vive em França com a sua esposa gaulesa e os seus dois filhos há quase duas décadas. Habi-
“É UM DOS MAIS RESPEITADOS ÁRBITROS. AS SUAS DECISÕES FORAM DE ACORDO COM AS REGRAS”, DIZ O COMUNICADO
tuado a fazer cumprir as regras, Ramos nunca antes havia enfrentado uma polémica semelhante, ainda que no passado já tenha tido altercações (com maior educação) dentro do court com algumas das maiores figuras do ténis masculino, como Federer, Nadal ou Djokovic. Ontem, surpreendentes 48 horas depois do sucedido, a Federação Internacional de Ténis, entidade para a qual Ramos trabalha desde 1994, emitiu finalmente um comunicado onde defende o juiz português de todas as acusações que lhe têm sido feitas, diretas e indiretas, inclusivamente por entidades oficiais. “O Carlos Ramos é um dos mais experientes e respeitados árbitros do ténis. As suas decisões foram de acordo com as regras e foram reafirmadas pela decisão do US Open ao multar Serena. É compreensível o debate, mas importante relembrar que o sr. Ramos aplicou os seus deveres oficiais de acordo com as regras e agiu com profissionalismo e integridade”, é dito sobre o português, o único árbitro da história do ténis a dirigir todas as finais de torneios do Grand Slam, a final olímpica e ainda a Taça Davis e Fed Cup. Ao todo, já arbitrou 10 finais de Grand Slam, 7 masculinas e 3 femininas. Ramos, um dos mais cotados árbitros do Mundo, recebe um vencimento fixo anual por 18 semanas de trabalho, cujos valores não são públicos, mas é muito mais baixo do que a maioria das pessoas imaginam num desporto que mexe com tanto dinheiro. O dia em que dirigiu a final valeu-lhe 395 euros, diária paga pela USTA aos árbitros do US Open. Serena ganhou mais ou menos isso por cada segundo que esteve em court. *