ARTUR TORRES PEREIRA
to claro. No Sporting cabem todos. O discurso de João Benedito foi dito de forma elegante e superior. Ele soube perder. Foi a garantia que nunca mais um período destes voltará a passar na nossa história.
O empréstimo obrigacionista estará concluído no prazo de dois meses?
ATP – Não tenho qualquer dúvida disso. Não me pronuncio sobre a quantia, é uma decisão do Conselho Diretivo (CD). Nós invertemos uma situação que existia em relação ao empréstimo obrigacionista e fizemos o trabalho para que o CD o possa concluir. O Sporting chegou a uma situação que o próximo CD não podia perder tempo, e tivemos de ser nós a fazê-lo para que os efeitos se produzam no mais curto espaço de tempo. Deixámos um relatório de gestão em que todas as situações que foram detetadas e às quais não pudemos responder, ficaram inventariadas, e deixámos possíveis soluções escritas para facilitar a tarefa do novo CD e evitar que perdessem tempo.
Quais foram as principais dificuldades que encontraram?
ATP – O futebol profissional e a situação geral do clube. A situação do futebol profissional estava ligada aos problemas decorrentes do jogo com o Atlético Madrid, que culminou com a invasão a Alcochete e as agressões a jogadores. Houve o depauperamento do plantel e dos balanços financeiros. Havia ainda uma descrença muito grande por parte dos sportinguistas. Por isso insisti em Sousa Cintra, porque é um homem do futebol, e só aceitei integrar a Comissão de Gestão quando ele me deu o sim. De todos os processos, qual foi o que lhe deu mais prazer resolver? ATP – O regresso do Bas Dost. Falámos com os empresários do Bas Dost, pois ele já não estava cá, e eles disseram-me que não havia hipótese, pois havia sido um terror para ele. Ainda por cima a mulher estava grávida na altura... Ao fim de uma hora de conversa com o empresário, pedi-lhe para falarmos com o jogador e ele perceber que as coisas mudaram. Ao fim de dez dias recebi um telefonema do empresário a dizer que queria falar comigo e com o Cintra. Combinámos um encon- tro e durante duas horas, com total honestidade em todos os argumentos, e no final ele vira-se para nós e disse que ia pensar. Depois, ao fim de cinco ou seis dias, disse-me que Dost ficava. Foi um momento que me encheu de satisfação ter podido contribuir para o seu regresso. É um grande profissional.
E que custou mais perder? ATP – Não termos feito o mesmo com o Rafael Leão. Tentámos, mas aí o problema foi a ganância do empresário, do pai e dos familiares, que veem nos rapazes instrumentos para o seu bem pessoal.
“[VARANDAS] É UMA PESSOA SENSÍVEL, E NESTE MEIO É PRECISO MUITA SENSIBILIDADE PARA RESOLVER OS PROBLEMAS” “O GELSON SAIU E NÃO SE PREOCUPOU COM O SPORTING. O WILLIAM TENTOU SALVAGUARDAR OS INTERESSES DO CLUBE”