“CHEGAR AO TETRA TEM UM PESO ACRESCIDO”
Com o tricampeonato no bolso, o objetivo está definido e poderá ser histórico para o Sporting. Numa conversa tranquila com Record, o ala, de 34 anos, elogiou os princípios do capitão João Matos e falou do amigo Ricardinho
“O RICARDINHO É UM FORA DE SÉRIE! VAI SER O MELHOR DO MUNDO DURANTE OS PRÓXIMOS DOIS OU TRÊS ANOS ”
Quais os principais objetivos do Sporting para esta época?
PEDRO CARY – Depois de uma temporada muito intensa, talvez das melhores de sempre do Sporting no que diz respeito aos títulos e à qualidade de jogo, esta época é de muita ambição. Já começámos da melhor maneira, ao vencermos a Supertaça. Para nós o campeonato é o principal objetivo, mas há outros objetivos intermédios, como a Taça de Honra, a Taça de Portugal, a qualificação da UEFA Champions League.
Nunca houve um tetracampeão em Portugal. Conseguir tal feito tem um peso acrescido? PC – Chegar ao tetra tem um peso acrescido, sim. Sabemos dessa responsabilidade, sabemos que se não o conseguirmos só daqui a muitos anos voltaremos a ter essa oportunidade. Estamos cientes do trabalho que temos de fazer. As dificuldades vão ser muitas, com quem discutimos mais títulos em Portugal, que é o Benfica. Uma equipa com muita qualidade e que nos vai dificultar ainda mais a vida.
A certa altura da época passada passou a ser o capitão, devido à lesão do João Matos. Pensa usar a braçadeira? PC – Há muitos capitães na equipa. O maior e o máximo é aquele que tem a braçadeira e o João transporta o que é o simbolismo do Sporting e tudo aquilo que o capitão deve ser. Por um infortúnio, tive de ser eu. Dá maior responsabilidade, porque somos o exemplo, mas sempre disse que o João é que é o capitão.
Houve algumas mudanças no plantel do Sporting. Como está a equipa? PC – Nunca é fácil a mudança, sendo ela de muitos atletas. Estamos a falar de jogadores que estiveram no Sporting muito tempo. O Caio este- ve nove anos, o Diogo quatro, Fortino três, Divanei já tinha estado, Djô 15, Marcão três. Jogadores que já tinham criado raízes. Vieram jogadores que têm muita qualidade.
Falou-se muito na possibilidade de o Ricardinho assinar pelo Sporting… PC – O Ricardinho é um fora de série! Não há um jogador próximo da qualidade do Ricardo. Acho que ele vai ser o melhor do Mundo duran- te os próximos dois ou três anos. Seria muito bom tê-lo na equipa, porque é o melhor. Seria magnífico. É sempre um prazer estar com ele no campo, seja como adversário, seja como colega de equipa.
Depois da final da UEFAFutsal Cup o Ricardinho disse que lhe custou ver o Pedro Cary e o João Matos tristes por não conquistarem o troféu. O que significou para si estas palavras?
PC – A tristeza de uns é a alegria dos outros e o desporto é fértil nisso. Esperemos que este ano seja diferente para nós. São palavras de amigo, que é muito mais do que um colega de profissão. Um amigo com quem posso privar, de quem gosto, não só no trabalho, mas numa relação de amizade que temos. Claro que é sempre bom ouvir isso. Um estímulo maior.
Já esteve em três finais. Vai ser na quarta presença que vai conquistar o troféu?
PC – Espero bem que sim. Sabemos que a UEFA fez um ‘upgrade’ na competição. Será mais difícil, mas é benéfico para o futsal. Vamos ter de nos transcender como jogadores e como equipa.
Faltou vencer a UEFA Futsal Cup em 2018 para ser o ano de sonho de uma vida?
PC – Faltou. Para nós termos concretizado esse sonho, o Ricardinho não o concretizava. Aquela que foi, talvez, a melhor época de sempre do Ricardinho a nível de títulos, a nós ficou-nos a faltar esse. Acho que não vai haver uma época como este ano, porque houve competição europeia de clubes e na Seleção. Conseguimos estar na final em ambas. Uma conseguimos vencer, outra não. Mas como essa época não vai existir outra. Acabou por sorrir ao Ricardinho, que conseguiu levar os maiores troféus.
Quando começou ajogarfutsal, algum dia imaginou que em 2018 estaríamos a falar com um campeão da Europa, com um jogador com 18 títulos no currículo?
PC – (risos) Não, nunca na vida. Sou um algarvio de Loulé que sempre gostou de fazer desporto. Tudo. Nunca pensei em jogar futsal do ponto vista profissional. Até me associei mais ao ténis do que o futsal, no início. Mas as coisas foram-se proporcionando e eu também nunca disse não. Temos de abdicar de muitas coisas, mas somos uns felizardos pelas conquistas, pela forma como temos o nosso dia-a-dia, que é muito bom, e isso não trocaria por nada. *