Record (Portugal)

“CHEGAR AO TETRA TEM UM PESO ACRESCIDO”

Com o tricampeon­ato no bolso, o objetivo está definido e poderá ser histórico para o Sporting. Numa conversa tranquila com Record, o ala, de 34 anos, elogiou os princípios do capitão João Matos e falou do amigo Ricardinho

- TEXTOS ANDRÉ FERREIRA FOTO MIGUEL BARREIRA

“O RICARDINHO É UM FORA DE SÉRIE! VAI SER O MELHOR DO MUNDO DURANTE OS PRÓXIMOS DOIS OU TRÊS ANOS ”

Quais os principais objetivos do Sporting para esta época?

PEDRO CARY – Depois de uma temporada muito intensa, talvez das melhores de sempre do Sporting no que diz respeito aos títulos e à qualidade de jogo, esta época é de muita ambição. Já começámos da melhor maneira, ao vencermos a Supertaça. Para nós o campeonato é o principal objetivo, mas há outros objetivos intermédio­s, como a Taça de Honra, a Taça de Portugal, a qualificaç­ão da UEFA Champions League.

Nunca houve um tetracampe­ão em Portugal. Conseguir tal feito tem um peso acrescido? PC – Chegar ao tetra tem um peso acrescido, sim. Sabemos dessa responsabi­lidade, sabemos que se não o conseguirm­os só daqui a muitos anos voltaremos a ter essa oportunida­de. Estamos cientes do trabalho que temos de fazer. As dificuldad­es vão ser muitas, com quem discutimos mais títulos em Portugal, que é o Benfica. Uma equipa com muita qualidade e que nos vai dificultar ainda mais a vida.

A certa altura da época passada passou a ser o capitão, devido à lesão do João Matos. Pensa usar a braçadeira? PC – Há muitos capitães na equipa. O maior e o máximo é aquele que tem a braçadeira e o João transporta o que é o simbolismo do Sporting e tudo aquilo que o capitão deve ser. Por um infortúnio, tive de ser eu. Dá maior responsabi­lidade, porque somos o exemplo, mas sempre disse que o João é que é o capitão.

Houve algumas mudanças no plantel do Sporting. Como está a equipa? PC – Nunca é fácil a mudança, sendo ela de muitos atletas. Estamos a falar de jogadores que estiveram no Sporting muito tempo. O Caio este- ve nove anos, o Diogo quatro, Fortino três, Divanei já tinha estado, Djô 15, Marcão três. Jogadores que já tinham criado raízes. Vieram jogadores que têm muita qualidade.

Falou-se muito na possibilid­ade de o Ricardinho assinar pelo Sporting… PC – O Ricardinho é um fora de série! Não há um jogador próximo da qualidade do Ricardo. Acho que ele vai ser o melhor do Mundo duran- te os próximos dois ou três anos. Seria muito bom tê-lo na equipa, porque é o melhor. Seria magnífico. É sempre um prazer estar com ele no campo, seja como adversário, seja como colega de equipa.

Depois da final da UEFAFutsal Cup o Ricardinho disse que lhe custou ver o Pedro Cary e o João Matos tristes por não conquistar­em o troféu. O que significou para si estas palavras?

PC – A tristeza de uns é a alegria dos outros e o desporto é fértil nisso. Esperemos que este ano seja diferente para nós. São palavras de amigo, que é muito mais do que um colega de profissão. Um amigo com quem posso privar, de quem gosto, não só no trabalho, mas numa relação de amizade que temos. Claro que é sempre bom ouvir isso. Um estímulo maior.

Já esteve em três finais. Vai ser na quarta presença que vai conquistar o troféu?

PC – Espero bem que sim. Sabemos que a UEFA fez um ‘upgrade’ na competição. Será mais difícil, mas é benéfico para o futsal. Vamos ter de nos transcende­r como jogadores e como equipa.

Faltou vencer a UEFA Futsal Cup em 2018 para ser o ano de sonho de uma vida?

PC – Faltou. Para nós termos concretiza­do esse sonho, o Ricardinho não o concretiza­va. Aquela que foi, talvez, a melhor época de sempre do Ricardinho a nível de títulos, a nós ficou-nos a faltar esse. Acho que não vai haver uma época como este ano, porque houve competição europeia de clubes e na Seleção. Conseguimo­s estar na final em ambas. Uma conseguimo­s vencer, outra não. Mas como essa época não vai existir outra. Acabou por sorrir ao Ricardinho, que conseguiu levar os maiores troféus.

Quando começou ajogarfuts­al, algum dia imaginou que em 2018 estaríamos a falar com um campeão da Europa, com um jogador com 18 títulos no currículo?

PC – (risos) Não, nunca na vida. Sou um algarvio de Loulé que sempre gostou de fazer desporto. Tudo. Nunca pensei em jogar futsal do ponto vista profission­al. Até me associei mais ao ténis do que o futsal, no início. Mas as coisas foram-se proporcion­ando e eu também nunca disse não. Temos de abdicar de muitas coisas, mas somos uns felizardos pelas conquistas, pela forma como temos o nosso dia-a-dia, que é muito bom, e isso não trocaria por nada. *

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