DRAGAO A ARDER
AZUIS E BRANCOS ESCORREGAM EM CASA EM JOGO RECHEADO DE POLÉMICA
SÉRGIO CONCEIÇÃO EXPULSO NO TÚNEL AO INTERVALO
“É um árbitro com pouca confiança, pouca personalidade e pouco caráter”
Foi interessante e incerto, mas foi sobretudo tenso, nervoso, a espaços até mal jogado, o empate com que FC Porto e Chaves abriram a 3ª fase da Allianz Cup. A jogar em casa e perante o seu reconhecido maior estatuto, os dragões acabam por ser claramente mais penalizados por um resultado que ainda assim deixa tudo em aberto para ambas as equipas. Numa partida estranha, com uma face reluzente e competitiva e outra obscura e conflituosa, acabou também por ganhar protagonismo o árbitro Vítor Ferreira, com erros graves que prejudicaram as duas equipas e cuja tentativa de controlo das emoções e incidências da partida esteve longe de ser concretizada. É preciso dizer- se que os jogadores aqui e ali também não ajudaram, mas é porventura no final de jogos como o de ontem que os detratores do vídeoárbitro bem podem ‘meter a viola ao saco’...
De volta ao jogo propriamente dito, os dois treinadores optaram por fazer uma espécie de gestão em part-time. Os dragões começaram bem, como se esperava e se exigia. A intensidade certa, criatividade apreciável e a dose natural de serenidade de quem sabe que tem ainda muitos minutos pela frente para chegar ao seu objetivo. Felipe tinha protagonizado o primeiro lance de perigo para as re- des de António Filipe há pouquíssimo tempo e já se percebia uma parte importante da proposta ofensiva de Sérgio Conceição. Com os laterais projetados no ataque, os extremos de serviço, Otávio e Corona, partiam de dentro. Tabelavam com os médios-centro; combinavam com os extremos; procuravam aproximar-se dos avançados… Tudo em nome de um jogo interior que o FC Porto não teve, por exemplo, na partida mais recente, com o Moreirense. Conceição queria controlar e simultaneamente ser incisivo, e foi isso mesmo que conseguiu, com duas iniciativas perigosas do FC Porto pelo meio, até que o Chaves encontrou… a chave para esvaziar o balão de pressão a partir dos 20/25 minutos.
Tensão foi-se acumulando
Daniel Ramos apontou aos flancos do ataque e foi ali que, procurando quando possível sair em futebol curto e apoiado, que os transmontanos encontraram espaço para terem bola… e respirar. O jogo do Chaves lá foi entrando nas costas dos laterais portistas, algumas vezes com variações de flanco que desequilibravam a transição defensiva dos da casa. Herrera e Otávio encontravam
algumas soluções interessantes para manter o adversário alerta, mas o FC Porto, o Chaves, o Dragão… e o jogo já estavam ‘perdidos’. Chegaram as picardias entre jogadores, os protestos azuis com o árbitro, a demora nas reposições de bola dos transmontanos e, com tudo isto, os dragões lá se deixaram ir na cantiga – inclusive Conceição, que não voltou ao banco após o intervalo. O FC Porto sentia que não estava a jogar o que desejava e não lidava bem com isso. Por ironia, foi já com Brahimi em campo que os dragões começaram a procurar mais a profundidade. Estratégia ou desespero? Estratégia, como documenta a troca, com proveitos, de Adrián por Hernâni. O português, numa recarga vitoriosa, colocou os campeões nacionais nos eixos, mas a consolidação do equilíbrio do FC Porto nunca chegou. Prova disso foi a facilidade com que o Chaves conseguiu criar três situações de superioridade numérica em transição rápida nos 25 minutos finais. Eustáquio foi oportuno num empate que, seguro por uma boa defesa de Vaná já aos 90’+1 e uma decisão essencial do auxiliar Pedro Fernandes aos 90’+5, passou muito, entre nervos de papel e coração a fervilhar, pelo (des)controlo emocional dos dragões. *