Record (Portugal)

DRAGAO A ARDER

AZUIS E BRANCOS ESCORREGAM EM CASA EM JOGO RECHEADO DE POLÉMICA

- CRÓNICA DE ANDRÉ MONTEIRO

SÉRGIO CONCEIÇÃO EXPULSO NO TÚNEL AO INTERVALO

“É um árbitro com pouca confiança, pouca personalid­ade e pouco caráter”

Foi interessan­te e incerto, mas foi sobretudo tenso, nervoso, a espaços até mal jogado, o empate com que FC Porto e Chaves abriram a 3ª fase da Allianz Cup. A jogar em casa e perante o seu reconhecid­o maior estatuto, os dragões acabam por ser claramente mais penalizado­s por um resultado que ainda assim deixa tudo em aberto para ambas as equipas. Numa partida estranha, com uma face reluzente e competitiv­a e outra obscura e conflituos­a, acabou também por ganhar protagonis­mo o árbitro Vítor Ferreira, com erros graves que prejudicar­am as duas equipas e cuja tentativa de controlo das emoções e incidência­s da partida esteve longe de ser concretiza­da. É preciso dizer- se que os jogadores aqui e ali também não ajudaram, mas é porventura no final de jogos como o de ontem que os detratores do vídeoárbit­ro bem podem ‘meter a viola ao saco’...

De volta ao jogo propriamen­te dito, os dois treinadore­s optaram por fazer uma espécie de gestão em part-time. Os dragões começaram bem, como se esperava e se exigia. A intensidad­e certa, criativida­de apreciável e a dose natural de serenidade de quem sabe que tem ainda muitos minutos pela frente para chegar ao seu objetivo. Felipe tinha protagoniz­ado o primeiro lance de perigo para as re- des de António Filipe há pouquíssim­o tempo e já se percebia uma parte importante da proposta ofensiva de Sérgio Conceição. Com os laterais projetados no ataque, os extremos de serviço, Otávio e Corona, partiam de dentro. Tabelavam com os médios-centro; combinavam com os extremos; procuravam aproximar-se dos avançados… Tudo em nome de um jogo interior que o FC Porto não teve, por exemplo, na partida mais recente, com o Moreirense. Conceição queria controlar e simultanea­mente ser incisivo, e foi isso mesmo que conseguiu, com duas iniciativa­s perigosas do FC Porto pelo meio, até que o Chaves encontrou… a chave para esvaziar o balão de pressão a partir dos 20/25 minutos.

Tensão foi-se acumulando

Daniel Ramos apontou aos flancos do ataque e foi ali que, procurando quando possível sair em futebol curto e apoiado, que os transmonta­nos encontrara­m espaço para terem bola… e respirar. O jogo do Chaves lá foi entrando nas costas dos laterais portistas, algumas vezes com variações de flanco que desequilib­ravam a transição defensiva dos da casa. Herrera e Otávio encontrava­m

algumas soluções interessan­tes para manter o adversário alerta, mas o FC Porto, o Chaves, o Dragão… e o jogo já estavam ‘perdidos’. Chegaram as picardias entre jogadores, os protestos azuis com o árbitro, a demora nas reposições de bola dos transmonta­nos e, com tudo isto, os dragões lá se deixaram ir na cantiga – inclusive Conceição, que não voltou ao banco após o intervalo. O FC Porto sentia que não estava a jogar o que desejava e não lidava bem com isso. Por ironia, foi já com Brahimi em campo que os dragões começaram a procurar mais a profundida­de. Estratégia ou desespero? Estratégia, como documenta a troca, com proveitos, de Adrián por Hernâni. O português, numa recarga vitoriosa, colocou os campeões nacionais nos eixos, mas a consolidaç­ão do equilíbrio do FC Porto nunca chegou. Prova disso foi a facilidade com que o Chaves conseguiu criar três situações de superiorid­ade numérica em transição rápida nos 25 minutos finais. Eustáquio foi oportuno num empate que, seguro por uma boa defesa de Vaná já aos 90’+1 e uma decisão essencial do auxiliar Pedro Fernandes aos 90’+5, passou muito, entre nervos de papel e coração a fervilhar, pelo (des)controlo emocional dos dragões. *

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