Porta fechada, sanção que ninguém quer
Depois de serem conhecidas as decisões do Conselho de Disciplina da FPF, relativamente à realização de um jogo à porta fechada para Benfica, Braga e Paços de Ferreira, além dos demais processos disciplinares em curso, e sem prejuízo de existirem diferentes teses sobre a responsabilidade dos clubes por atos praticados pelos seus adeptos, retenho-me no fenómeno e no impacto da aplicação destas sanções.
Sobre aagressividade, violência ou desestabilização do espetáculo desportivo fui escrevendo algumas linhas ao longo da última época desportiva, associadas infelizmente a episódios que comprometeram a segurança dos agentes desportivos e a imagem das nossas competições. Reforço que este problema não nasce no futebol, tem uma génese social, que a modalidade amplifica pelo impacto mediático que tem no país.
Interditarumestádio é uma sanção radical e que, naturalmente, gera descontentamento para os que não perpetraram atos de violência, ao mesmo tempo que tem um impacto financeiro considerável para os clubes afetados e para a imagem da competição. Esta soma de prejuízos tenta dissuadir comportamentos ilícitos, mas deve ser enquadrada numa ação mais abrangente.
Aguardoexpectante pela ação da recém-criada Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto, que num quadro legal renovado e em articulação com os órgãos disciplinares pode, de facto, atacar o problema como todos queremos, identificando os responsáveis e aplicando sanções que os inibam de continuarem a perturbar o espetáculo desportivo.
Paraterminar, ressalvo o gesto do jogador Lucas Áfrico, após expulsão no jogo entre Marítimo e Sporting, que respondeu dignamente ao erro cometido, e quero manifestar o meu pesar, deixando um abraço de todo o Sindicato ao Yannick Djaló, que tragicamente perdeu a irmã.