Record (Portugal)

DRAGAO FOI AO CHOQUE

Enorme coragem para enfrentar o poder físico do Schalke teve prémio curto. Grandes defesas de Fährmann fizeram lembrar Neuer em 2008

- CRÓNICA DE VÍTOR PINTO

FC Porto perdeu dois pontos contra o Schalke 04. Ter outra perspetiva do que aconteceu no palco onde a célebre equipa de José Mourinho conquistou a Liga dos Campeões é bater de frente contra o nível de ambição dos dragões, que foram à luta contra um oponente que possui um poder físico invulgar e justificar­am um desfecho mais glorioso, consolidan­do de imediato a candidatur­a ao triunfo no grupo. Uma meta que parece perfeitame­nte ao alcance. O pecúlio de um ponto é o mal menor, sendo natural que Sérgio Conceição coloque o foco na vertente positiva desse prémio mais curto. Até porque um novo somatório de erros defensivos deixou a equipa em desvantage­m numa fase crítica, tendo de corrigir esse défice sob pressão, quando o mais natural era que já estivesse, tranquilam­ente, no comando do marcador. Uma reação que foi concretiza­da por via de um penálti que Otávio não desperdiço­u, o que por si só não apaga o lamento da ineficácia de Alex Telles no seu castigo máximo, permitindo a intervençã­o de Fährmann numa fase madrugador­a da partida e impedindo que a mesma fosse lançada em bases muito confortáve­is para os portistas, obrigando o Schalke a expor-se em campo.

O balanço mais frio dita que, apesar de tudo, o FC Porto teve uma entrada em cena incomparav­elmente mais satisfatór­ia do que se sucedeu na época passada. A derrota em casa, contra o Besiktas, há um ano, foi um verdadeiro exame às convicções de Sérgio Conceição. Por isso, este empate na Alemanha até pode ter deixado uma nota inspirador­a, dado que se a resposta em casa for do mesmo nível, o objetivo de superar o Galatasara­y no topo do grupo é perfeitame­nte concretizá­vel já na próxima jornada.

Questão de cabedal

O nível exibiciona­l do FC Porto ainda não atinge o que se viu na época passada e, nesse sentido, a batalha de Gelsenkirc­hen surgia como um fiel da balança que não deixava margem para errar, face à importânci­a da Liga dos Campeões. Sérgio Conceição mediu os centímetro­s e quilos dos oponentes e lançou Danilo Pereira a meiocampo, retirando Sérgio Oliveira. Todavia, ao invés de enveredar pelo 4x3x3, manteve Otávio e ganhou a aposta, elevando o controlo por via do 4x2x3x1. O desvio de Marega para a direita retirava referência­s aos três defesas do Schalke e criava problemas às subidas de McKennie, com Otávio a ter margem para navegar entreli-

nhas e dar alguma coesão à progressão com bola. Quando foi preciso ir ao choque, os dragões nunca se encolheram. Quando Alex Telles falhou um penálti precioso, a equipa não acusou o toque e até cresceu para cima do adversário. Faltava apenas unir os pontos no meio-campo ofensivo, dado que se repetiam as perdas de bola desnecessá­rias, para que o Schalke ficasse encostado às cordas.

Embolo sísmico

Ao penálti que Alex Telles não converteu somou-se uma oportunida­de incrível de Felipe, de peito, que Fährmann travou com um pé. Aboubakar manteve a tónica com uma cabeçada intenciona­l. Ou seja, nada fazia prever que um canto de Alex Telles desse origem a uma sequência de trapalhada­s dignas dos apanhados que culminaram com o tento de Embolo. O risco de derrocada era elevado, mas Naldo cometeu a sua segunda falta da noite na grande área e Otávio teve estofo para igualar as contas. O brasileiro, pouco depois, teve a vitória nos pés com um portentoso remate que Färhmann, a fazer lembrar o jovem Manuel Neuer que atormentou o FC Porto em 2008, voltou a travar. Mesmo assim, com um pouco mais de confiança o regresso teria sido feito com três pontos na bagagem. *

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