Record (Portugal)

Sexismo, radicalism­o e estupidez

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a era das redes sociais e das virgens ofendidas. Há sempre alguém muito insultado, ou que se finge de insultado, pronto a disparar mensagens de ódio, consideran­do que tudo o que os outros dizem e fazem é sexismo. Calma, muita calma. A discrimina­ção de género – assim como qualquer outro preconceit­o – é um assunto demasiado sério para ser banalizado em posts raivosos. Demasiado importante (e grave) para que alguns procurem aproveitar-se do tema e alcançar uns carateres de fama.

Emre Can, da Juventus, foi a última vítima destes puritanos de teclado. No final do jogo com o Valencia, o alemão recorreu ao Twitter para mostrar a sua indignação pela ex-

A DISCRIMINA­ÇÃO DE GÉNERO É UM ASSUNTO DEMASIADO SÉRIO PARA SER BANALIZADO

pulsão do colega Cristiano Ronaldo: “Isto é uma falta para cartão vermelho? Acabo de ouvir que foi um puxão de cabelo. Não somos mulheres, jogamos futebol.” De seguida, parecia que o mundo lhe tinha caído em cima. Sim, Emre, o futebol não é só um jogo de homens. É de todos. E de todas. É de quem quiser jogá-lo. E as portuguesa­s, então, jogam bem que se fartam. Cada vez melhor. Mas retirar de contexto, para atacar de forma barata, é fácil. E o sexismo, ou qualquer outro preconceit­o, não se combate com radicalism­o.

Ainda assim, a polémica estalou, cresceu e o jogador teve de pedir desculpa. É o mundo em que vivemos. Tudo ofende. A censura do social media. Fica a dica para muitas dessas pessoas: quando puderem, em vez de andarem no Twitter a atacar tudo e todos, vão ao estádio ou liguem a televisão e vejam um bom jogo de futebol feminino. É uma forma mais interessan­te de promover a igualdade.

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