Record (Portugal)

ALTA DEFINCAO

Abel fez a leitura perfeita, mexeu na equipa e mudou o rumo do jogo e o resultado. A jogada foi de mestre, o castigo foi severo para o leão

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Sp. Braga venceu o Sporting e assumiu-se como candidato ao título de corpo inteiro. Para já, voltou a apanhar o Benfica na liderança e descolou do leão, algo que a águia não conseguiu fazer quando recebeu o Sporting na Luz. Moram em Braga guerreiros ambiciosos, à imagem dos seus líderes. Foi uma vitória apertada que resultou dos efeitos de uma decisão técnica e de uma alta definição da aposta que saiu do banco e de um ponta-de-lança fidelíssim­o – Dyego Sousa marcou ontem o quinto golo em cinco jornadas. O treinador dos guerreiros fez a leitura perfeita do banco. Mexeu na equipa (a entrada de Eduardo aproximou os médios e encaixouos nos do Sporting e deu ao Braga qualidade na definição dos lances) e esta reagiu de pronto.

O jogo mudou a partir daí, é verdade, mas poderia ter seguido outro rumo se, dois minutos antes do golo solitário da partida, Bruno Fernandes tivesse sido mais preciso no remate à baliza. A bola ainda roçou no poste mas foi ao lado. Na resposta, logo depois de um remate de João Novais (defesa de Salin), os leões voltaram a compromete­r na saída de bola e Dyego Sousa concluiu ‘à matador’ a jogada de Eduardo.

Devagar e devagarinh­o

Entre o respeito e o medo (não sei o que pesou mais), guerreiros e leões ficaram-se pelas falinhas mansas e, durante quase toda a 1ª parte, verdadeira­mente não se ‘agrediram’.

O Sp. Braga entrou mais afoito, mas o atreviment­o rapidament­e se foi. O Sporting demorou a ‘chegar’ ao jogo e, quando podia dar uma de ‘senhor do jogo’, acabou por ser mais pose do que ação.

A 1ª parte definiu-se assim: Sporting com mais posse, mas com circulação lenta e previsível e com a saída do costume – bola nos flancos para Raphinha e Nani (com Bruno Fernandes a cair num lado ou no outro) para dali sair al- gum lance perigoso. E atenção que saiu: aos 16’, após receber passe de Bruno Fernandes, Raphinha procurou a zona central e armou um tiro que passou rente à trave.

O Sp. Braga, por seu turno, tentou ganhar a bola em terrenos adiantados e quando conseguiu ameaçou (pouco) a baliza de Salin. No entanto, a postura guerreira foi mais conservado­ra do que proativa. Sempre sem correr riscos. Assim, até ao intervalo, contaram-se pelos dedos de uma só mão as situações de alguma alarme junto às balizas. A maior até levou selo de golo pela cabeça de Nani, mas Tiago Sá defendeu.

A arte de mudar

O arranque da 2ª parte não trouxe nada de novo, a não ser que Raphinha e Nani trocaram de flancos. Parecia estar instituído um pacto de não agressão, tamanho era o conformism­o com a situação. Braga e Sporting esperavam pelo seu momento para desferirem o golpe de misericórd­ia. Abel é que não quis esperar pelo que o jogo lhe poderia dar e mexeu nesse sentido pouco depois de Dyego Sousa ter construído à custa da sua força e determinaç­ão um lance de golo iminente. O remate, contudo, saiu à figura de Salin. Foi Abel a mexer. E se tivesse sido Peseiro o primeiro a fazê-lo? Para essa pergunta não há resposta. A verdade é que a alteração do treinador dos guerreiros mudou o rumo do jogo (o Sporting perdeu o controlo do meio-campo) e o resultado. Peseiro só mexeu quando estava a perder. E se Jovane, como sempre, alterou a dinâmica da equipa, Castaignos voltou a provar que um candidato ao título não pode ficar dependente da boa vontade do holandês. É preciso algo mais. Muito mais.

Com o talento individual, Raphinha (em grande forma) e Jovane acenderam uma luz de esperança que desta vez não brilhou. Para eles, o castigo foi severo. *

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