Record (Portugal)

Eleven Sports: o irritante disruptivo

VER TODO O FUTEBOL PASSOU A CUSTAR 44 EUROS. E ISTO SEM CONTAR COM A MENSALIDAD­E DA OPERADORA. É CARO PARA OS NOSSOS BOLSOS. PARA JÁ, O CONSUMIDOR ESTÁ PIOR

- André Veríssimo Diretor do Negócios

par do E-Toupeira e dos emails, a Eleven Sports é o outro tema que domina o arranque da época, por razões bem diferentes dos primeiros. A unilos há o potencial disruptivo que podem ter no futebol.

AEleven Sports é uma pedrada no charco da compra de di

reitos e distribuiç­ão de conteúdos desportivo­s em Portugal. A maior onda de choque até ao momento foi criada pela aquisição dos direitos da Liga dos Campeões para Portugal, que há 20 anos pertenciam à Sport TV, incluindo os jogos das equipas portuguesa­s na prova. A estes soma-se os campeonato­s espanhol, alemão e francês, além da Fórmula 1 nos motorizado­s.

Sim, a Eleven Sports veio trazer concorrênc­ia a um mercado até aqui essencialm­ente do

minado por um operador. E isso é suposto ser bom para os consumidor­es. Mas, até aqui, criou apenas um ‘irritante’ para os fãs de futebol.

O primeiro irritante é o ‘como’.

Quando se começa a escrever no campo de pesquisa do Google ‘Como ver’, a primeira sugestão que recebemos é “Eleven Sports”. O que testemunha que os portuguese­s estão ainda ‘à nora’ sobre como lá chegar.

O outro irritante é o custo. Ver todo o futebol passou a custar, no mínimo, 44 euros mensais. Isto sem contar com a mensalidad­e da operadora. Caro de mais para os nossos bolsos, portanto. Para já, os consumidor­es estão pior.

Os responsáve­is da empresa

têm noção do perigo deste irritante. “Se nós não tivermos 50% de distribuiç­ão em Portugal existirá uma revolução entre os fãs”, assume Danny Menken, o diretor-geral, numa entrevista ao ‘Observador’.

Para a Eleven Sports é uma

operação de elevado risco. O preço que pagou pelos direitos obriga-a a conseguir uma base ampla de subscritor­es. Tal como os outros serviços de ‘streaming’, caso da Netflix, a ofensiva inicial obriga a contrair dívida e aceitar prejuízos nos primeiros anos. Mas depois a empresa está obrigada a dar rapidament­e a volta. É uma corrida contra o tempo.

É por isso que, mais cedo ou mais tarde, a Eleven Sports acabará por fazer com a MEO, NOS e Vodafone o mesmo acordo que fez com a Nowo, reduzindo, pelo menos em parte, o irritante. A luta poderá chegar aos direitos do campeonato português, que são os que podem decidir para que campo cairá a bola, quanto expirarem os atuais contratos.

Inegável é que o paradigma está a mudar e também na Europa. A Amazon pagou mais de 4,5 mil milhões de libras pelos direitos de um conjunto de jogos da Premier League durante três anos, que vai passar através do seu serviço de ‘streaming’. Irá a Netflix juntar-se à festa?

A visão de Andre Radrizzani, o empresário italiano de direitos de autor que é o maior acionista da Eleven Sports, é tentadora: ter os jogos disponívei­s em qualquer écran e facilmente acessíveis por partida, época ou equipa através de um serviço de ‘streaming’. “O preço unitário por cliente poderia ser mais baixo: o montante total ainda assim seria maior”, disse ao ‘The Telegraph’. Será mesmo possível ter o melhor de dois mundos?

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal