A camisola de uma vida
Não demorou muito para que os adeptos do Benfica sentissem saudades de Luisão. Bastaram 90 minutos em Chaves, ficar sem Jardel e Conti, para alguns pensarem que o capitão poderia voltar atrás no adeus e ajudar a equipa frente ao FC Porto. A ideia, tão inusitada como irrealista, só acontece porque se trata de Luisão. Um homem que ganhou um lugar na história do Benfica.
Poucos são os jogadores, na modernidade, que passam quase uma vida inteira ligada a um clube. Francesco Totti, Xavi ou Iniesta são exemplos raros. Todos eles, porém, nasceram nos países onde ficaram a jogar durante temporadas a fio. O caso de Luisão é diferente. Nasceu no Brasil, chegou a Portugal com 22 anos e terminou a carreira
LUISÃO TORNOU-SE UM SÍMBOLO. UM CAPITÃO NO VERDADEIRO SENTIDO DA PALAVRA
aos 37. Sempre de águia ao peito. O verdadeiro capitão dos encarnados no futebol contemporâneo.
Não há muitos estrangeiros que estabeleçam uma ligação tão efetiva e duradoura com um clube grande de outro país. O argentino Javier Zanetti, no Inter, é um dos casos raros entre aqueles que terminaram a carreira na última década. São poucos. Porque o futebol é, cada vez mais, movimento. Mudanças constantes, globalização, ter sempre as malas aviadas, viver perto da saída em cada mercado de transferências.
Luisão não foi imune a essa possibilidade, mas foi ficando na Luz. Tornou-se um símbolo. Pelo que jogou, pelo que ganhou, mas também pela forma como ajudou muitos companheiros de posição a crescer: David Luiz, Lindelöf, Garay e Jardel são alguns exemplos. Um líder. Um capitão no verdadeiro sentido da palavra. Uma história difícil de repetir.