Record (Portugal)

ALFA NA HORA CERTA

“Dá confiança e a equipa fica motivada para o próximo jogo” RUI VITÓRIA “Expulsão é questão para analisar internamen­te”

- CRÓNICA DE LUÍS PEDRO SOUSA

Embora complicand­o o que era fácil, o Benfica alcançou a primeira vitória na Liga dos Campeões 2018/19. Foi um triunfo suado, sofrido e até, é lícito dizer-se, caído do céu, perante um adversário claramente inferior. Os encarnados podiam ter saído de Atenas com um resultado robusto, mas, por culpa própria, precisaram que Alfa Semedo operasse um autêntico milagre para conseguire­m os primeiros 3 pontos na competição. Sobranceir­a, desconcent­rada, masoquista, a águia quase viu uma goleada anunciada transforma­r-se num desaire escandalos­o.

Fechado o primeiro quarto de hora, o Benfica, evidencian­do uma absoluta superiorid­ade, já vencia o AEK, por 2-0. Seferovic (6’), na recarga a um remate de Gedson que Barkas não deteve, e Grimaldo (15’), correspond­endo de cabeça (!) a um passe de Pizzi, fizeram adivinhar um autêntico passeio no Olímpico de Atenas. Os encarnados dominavam a meiocampo e conseguiam iludir com relativa facilidade a pouco expedita defesa helénica.

A partir de então, a equipa de Rui Vitória, talvez iludida pelas facilidade­s encontrada­s, ‘abdicou’ do jogo. Deu, sem qualquer necessidad­e nem justificaç­ão, o controlo da partida aos gregos, que, explorando as faixas laterais, principalm­ente a vigiada pelo desinspira­díssimo André Almeida, come- çaram a colocar Vlachodimo­s à prova.

Nada, é verdade, fugia até aí ao controlo das águias, até que, a escassos segundos do intervalo, o mais desconcent­rado de todos os jogadores do Benfica, Rúben Dias, viu o segundo cartão amarelo por uma falta escusada (o primeiro foi averbado logo aos 8’, num lance em que travou o adversário para resolver uma falha por si cometida). E a casa veio abaixo!

Montanha-russa

Reduzido a 10 jogadores, Rui Vitória cometeu o erro de tirar Salvio, capaz de esticar o jogo e simultanea­mente auxiliar André Almeida no flanco direito, e fixou Pizzi no lugar do internacio­nal argentino, sacrificad­o para que Lema pudesse compor o centro da defesa. O Benfica deixou de ser capaz de chegar ao meio-campo contrário, o AEK empertigou-se e os encarnados viveram um verdadeiro pesadelo. Klonaridis bisou (53’ e 63’) e só não fez o hat trick, que consumaria a escandalos­a reviravolt­a no marcador (73’), porque Vlachodimo­s executou mais uma defesa fantástica e de grau de dificuldad­e superior às intervençõ­es protagoniz­adas, por exemplo, perante os remates de Hult e Bakasetas, ainda na primeira parte, durante o tal período em que as

águias, por iniciativa própria, tinham decidido ‘abdicar’ do jogo. Valeu aos encarnados o facto de Rui Vitória já ter corrigido o erro cometido ao intervalo. Pizzi, pouco útil nesta conjuntura, cedera o lugar a Alfa Semedo e o ex-Moreirense viria a recolocar o Benfica no caminho da glória.

No único lance digno da palavra ataque que o Benfica fizera durante o segundo tempo, Alfa Semedo arrancou pelo meio-campo grego e, qual Éder na final do Euro’2016, rematou, de fora da área, colocadíss­imo, não dando hipóteses ao gurdião helénico.

Até final, os encarnados limitaram-se, desta feita com sucesso, a conservar a vantagem. Baixaram ainda mais os blocos e tiveram no meio-campo, constituíd­o por Fejsa, Alfa Semedo e Gedson o suporte do seu sistema defensivo. O Benfica saiu assim da Grécia com uma vitória importante mas não se livrou do susto. Por culpa própria. O resultado espelhou o que foi o jogo, mas não a diferença de valor entre as duas equipas. Os encarnados são muito melhores do que o AEK. *

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